O Brasil perdeu um dos mais corajosos jornalistas, e a esquerda um comunista histórico.
De acordo com a jornalista Hildegard Angel, Laerte Braga era um comunista atípico, que professava religião, vestia-se de branco às sextas-feiras, obedecendo à tradição da Umbanda, apreciava a boa mesa, a bebida de qualidade, os valores familiares e gostava de escutar jazz e blues.
Fez contato com o PCB (Partido Comunista do Brasil) em 1958, aos 13 anos de idade, ficando até 1964. Em 2010, retornou (agora Partido Comunista Brasileiro) e disputou a prefeitura de sua cidade, Juiz de Fora, obtendo 1.422 votos. Também fez parte de organizações ligadas ao líder comunista Luiz Carlos Prestes e ao líder trabalhista Leonel Brizola.
Para Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político, Laerte era militante da velha guarda, sincero e dedicado às suas causas.
Durante a ditadura civil-militar (1964-85) participou da resistência, quer ligado ao Movimento Democrático Brasileiro, quer como jornalista, acolhendo e veiculando denúncias sobre torturas e assassinatos praticados pelo regime.
Em sua cidade natal, trabalhou no extinto jornal Mercantil e no Diário da Tarde. Depois, em jornais maiores: Estado de Minas e Jornal do Brasil.
Nos últimos anos vinha contribuindo com a mídia alternativa, entre os quais podemos citar o jornal O Rebate, o blog Juntos Somos Fortes e o nosso portal. Um novo tipo de mídia que o jornalista pôde expressar sua opinião sem precisar submeter à tirania dos barões da mídia.
Braga também usava a rede social Facebook para fazer comentários curtos sobre a política. Na sua última postagem, concordava com o jornalista Luis Nassif e entendia o impeachment da presidenta Dilma como um atalho para que os militares voltassem ao poder.
“O golpe que não acabou. Poderia ser o nome do filme de terror que vivemos. É perfeita a análise do jornalista Luis Nassif sobre a posição das forças armadas em todos esses episódios. Qualquer oficial que tenha comando sabe que Temer é um bandido. Um escroque. De repente o diretor do filme pode não concordar com o roteiro e mudar tudo. Jogar Temer para fora e surgir um presidente militar. Ou seja, aqui cabe esse título, a volta dos que não foram.”
No Diário Liberdade escreveu 195 artigos, sendo que o último foi em dezembro de 2015, no qual ele defendeu um “tratado geral das Lamas” para salvar o Brasil. Ele falava das mais variadas espécies de lamas que se derramam sobre o Brasil.
Nós agradecemos Laerte Braga por cada contribuição. Lamentamos muito sua morte e oferecemos nossos pêsames aos familiares e amigos.