Com a tragédia nas Minas Gerais, veio à tona o que se esconde entre centenas de montanhas: a mineração intensiva que sustenta o modelo econômico brasileiro, dependente, forte exportador de commodities que faz a alegria da politicalha de visão canhestra.
A regra do modelo econômico é exaurir o ambiente natural brasileiro o tanto quanto for possível, até a última gota, para exportar e gerar os dólares que pagam a dívida eterna, seus juros, serviços, corrupção, lucros e a compra de produtos industrializados no mundo globalizado.
Esse é um Brasil que nunca irá pra frente enquanto mantivermos esse modelo extrativista, servil, dependente, gerador de dívida, desemprego e pobreza.
A forte exportação de minério de ferro, soja e outras “commodities” mantêm o Brasil funcionando às custas das multinacionais e da exploração da natureza a qual se torna a grande moeda de trocas internacionais.
Um exemplo simples: o Brasil precisa extrair na natureza e exportar 13 (treze) toneladas de minério de ferro (US$ 50/ton) para comprar um único celular tipo iPhone (US$ 650). Se comparado em peso, esse celular pesa 150g e, portanto, as 13 toneladas de minério de ferro equivalem ao peso de 86 mil celulares.
Quando você vir 1 (um) celular na vitrine, saiba que ele é trocado por 13 mil quilos (!!!) de minério de ferro exportado. Não se sinta culpado, porque essa tem sido a confortável regra do jogo, há décadas.
Quando você olhar para um vagão de trem abarrotado com minério de ferro para exportação pense que tudo aquilo serve para trocar por apenas 7 (sete) aparelhos celulares. Um vagão transporta cerca de 90 toneladas.
Agora, pense que toda a eletrônica, toda as telecomunicações, todos os remédios e quase tudo o mais que tem tecnologia agregada é importado e pago com os nossos recursos naturais ou trabalho de baixa remuneração.
E o pior: quase todos os produtos que importamos (em troca da natureza) ficam rapidamente obsoletos e viram lixo! E, aí, voltamos a importar mais, realimentando o ciclo da burrice e da dependência.
Se algum dia o mundo industrializado resolver não mais comprar matérias primas do Brasil, paralisamos a economia, pois não teremos dólares nem para importar os remédios nossos de cada dia.
A ruptura da barragem em Minas é uma amostra indireta de um modelo subdesenvolvido que não investe na capacitação científica e tecnológica do País e que precisa exaurir a natureza para se manter em pé.
A dependência é a lama primária da crise brasileira que se arrasta há décadas. O desastre ambiental é apenas uma das cenas trágicas do modelo colonial.