Em meados do mês passado, o executivo do premiê, Shinzo Abe, sancionou um regulamento reconhece pela primeira vez aos ainu como indígenas e reclama a criação de uma sociedade na que possam se sentir orgulhosos de sua herança.
Trata-se de uma lei deplorável, vazia, que não reflete os interesses dos ainu disse hoje Yuji Shimizu, presidente da Associação Ainu Kotan.
Essa medida não faz o suficiente para reverter a discriminação histórica que temos sofrido, comentou em uma conferência na sede do Clube de Correspondentes Estrangeiros em Tóquio e exigiu a imediata retirada do documento.
De acordo com o governo, este novo projeto de lei tem como objetivo promover programas para assegurar que os ainu possam manter sua dignidade e conscientizar sobre sua cultura.
No entanto, para Shimizu as medidas que contemplam a nova disposição 'não são mais que uma estratégia para sacrificar ou explodir os ainu atuais como um mero recurso turístico'.
'Nenhum artigo menciona os direitos dos indígenas e tenho sérias dúvidas sobre o sistema de financiamento que se propõe', referiu Shimizu citado pela agência Kyodo.
O governo japonês aspira promulgar o regulamento na atual sessão da Dieta (Parlamento).
Os ainu têm vivido durante séculos principalmente na ilha de Hokkaido (norte) e por anos têm padecido dos efeitos de uma política de assimilação forçada.
Além de promulgar esta lei, as autoridades planejam abrir um museu e parque nacional ainu no Shiraoi (norte) em abril de 2020.
Durante muito tempo, os ainu, de fisionomía similar aos esquimós e com cultura e idioma próprios, foram obrigados a integrar a sociedade maioritária do Japão e a abandonar seus costumes ancestrais.
Calcula-se que na atualidade uns 12 mil ainu ainda vivem em Hokkaido, segundo o último censo realizado em 2017.