Duas explosões neste sábado (23/07) durante uma manifestação em Cabul, capital do Afeganistão, deixou ao menos 80 mortos e 230 feridos. O ataque foi reivindicado pelo grupo jihadista EI (Estado Islâmico).
Eles protestavam contra mudanças em um projeto de energia do governo e, até o momento das explosões, nenhum incidente havia sido registrado. Um forte aparato policial acompanhava a mobilização, impedindo que os manifestantes se aproximassem do palácio presidencial.
“Eu estava no meio da multidão de manifestantes quando um alto estrondo ocorreu nas proximidades. Muitas pessoas foram mortas ou feridas – estou em choque profundo”, afirmou à Agência France Press o organizador da marcha, Jawad Naji.
O ataque foi rapidamente reivindicado pelo Estado Islâmico.
"Dois combatentes do EI detonaram coletes com explosivos em uma concentração de xiitas na região de Dehmazang, em Cabul", diz uma mensagem divulgada pelos membros do EI na rede de notícias Amaq, ligada ao grupo.
Por meio de um comunicado, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, disse que entre os mortos e feridos há "membros das forças de segurança e defesa", sem dar mais detalhes, e afirmou que "os terroristas entraram entre os manifestantes e fizeram as explosões".
Por meio do Twitter, o um dos porta-vozes do Talibã, Zabaiullah Mujahid, condenou "qualquer ataque que cause divisão e discriminação entre o povo e a religião". Ele disse também que esse tipo de ação "é algo que beneficia o inimigo".
A comunidade hazara do Afeganistão, um país predominante sunita e no qual os xiitas representam 9% da população, vive na região central do país. Nas últimas décadas, eles foram alvo de diversos sequestros em massa e assassinatos cometidos pelo Talibã e pelo Estado Islâmico.
Neste sábado, eles protestavam contra a decisão do governo de alterar a rota de construção de uma linha de energia que ligará o país e o Paquistão com o Turcomenistão, Uzbequistão e Tajiquistão.
Inicialmente, o plano previa que a linha passasse no meio da província de Bamiyan, localizada no centro do país e uma das áreas mais pobres do Afeganistão. Segundo os líderes hazara, a decisão traria benefícios à comunidade local, que sofre com a falta de energia.
Entretanto, sob justificativa de economizar recursos, o governo decidiu alterar o projeto, construindo uma rota que deverá pela região montanhosa de Salang Pass.