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Diário Liberdade
Sábado, 12 Novembro 2016 09:25 Última modificação em Segunda, 14 Novembro 2016 18:36

Como Hillary e Obama não conseguiram manter os votos nos segmentos que elegeram Barack em 2008

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País: Estados Unidos / Reportagens, Institucional / Fonte: Diário Liberdade

O The New York Times tem uma página interativa muito interessante, onde podemos consultar a distribuição de votos nas eleições presidenciais por diferentes segmentos (sexo, raça, renda, idade, grau de escolaridade, etc), e ainda comparar essas distribuições entre diferentes eleições (comparar 2016 com 2012 ou 2008, por exemplo). Uma informação importante que podemos extrair daí é, por exemplo, que, embora Clinton tenha tido a maioria dos votos negros, latinos e jovens, não o conseguiu na mesma proporção que Obama em 2012. Mesmo entre as mulheres, Hillary perdeu 1% em relação a Obama. Já Trump, apesar de todo seu discurso impregnado de racismo e machismo, conseguiu ampliar o voto republicano nos segmentos negro e latino, manteve no segmento jovem e perdeu muito pouco no segmento feminino.

É importante notar que quase todas essas tendências já se observavam entre as votações do próprio Obama em 2008 e 2012:

Negros: 2008 - 95%, 2012 - 93%
Latinos: 2008 - 67%, 2012 - 71%
Mulheres: 2008 - 56%, 2012 - 55%
Jovens: 2008 - 66%, 2012 - 60%

Ou seja, os democratas seguem sendo mais votados entre esses segmentos, mas os oito anos de Obama não ampliaram, pelo contrário, esse apoio. Os ganhos republicanos nesses segmentos e outros traduziram-se num crescimento dos votos para eles na maioria das regiões do país, como se pode ver pelo mapa abaixo.

mapa

Um esclarecimento: a soma das percentagens de votação democrata/republicana por segmento geralmente não atingem 100% porque há candidatos de outros partidos e independentes, e também existe o voto nulo. Na verdade, como nenhum candidato que não seja de um dos dois grandes partidos tem condições de vencer, não votar nos “grandes” é um tipo de voto nulo, e isso cresceu bastante, junto com a abstenção (ver a seguir), na eleição desse ano. Ou seja, nem todo negro, latino, mulher, jovem ou mesmo homem branco de meia idade que deixou de votar em Clinton votou em Trump. Mas castigaram os democratas com seu não voto.

O que precisa ser explicado é porque esse “castigo” pareceu mais importante para tanta gente que o “voto útil” para barrar um cara bizarro como Trump. E essa explicação seria útil para outros países também, como o Brasil. Teria relação com isso esse fenômeno inédito, de grandes protestos de rua contra o presidente eleito, em várias cidades dos EUA? Sinais de que a política de massas não se enquadra mais simplesmente nos mecanismos eleitorais, mesmo nos Estados Unidos.

COMPARECIMENTO ELEITORAL NOS EUA PODE TER SIDO O MENOR DESDE 2004

Durante a campanha presidencias dos EUA, Clinton e principalmente Obama insistiram diversas vezes que os cidadãos aptos a votar comparecessem às urnas. Em 2008, um aumento do comparecimento eleitoral, principalmente dos segmentos, negro, latino, feminino e jovem, foi essencial na vitória de Obama. O comparecimento caiu em 2012, e, segundo os dados preliminares, pode ter sido de 56% este ano, o que significaria níveis próximos a 12 anos atrás. Ou seja, os apelos dos democratas, e de Obama em especial, não funcionaram.

Antes de tudo, é preciso ter esses números em perspectiva. Os EUA têm mais de 200 anos anos de história eleitoral ininterrupta, e a tendência do comparecimento eleitoral pode ser tratada em escalas largas de tempo (ver gráfico retirado dessa reportagem do Business Insider). Após crescer e atingir um patamar em torno de 80% no século XIX, o comparecimento caiu significativamente no início do século XX e ficou sempre abaixo de 70%, na maior parte das vezes abaixo dos 60%. Claro que houve mudanças significativas, como a conquista do direito ao voto para os negros e as mulheres, mas o quadro não mudou muito desde a Segunda Guerra Mundial. Ninguém questiona muito isso, ou seja, já é considerado “normal” um sistema “democrático” que não consegue interessar mais de 40% das pessoas que podem votar.

voter turnout

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