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Diário Liberdade
Quarta, 11 Janeiro 2017 18:46

A força da tempestade

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Ilka Oliva Corado

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Crescemos com o caminho marcado, pelos estereótipos, os costumes, a cultura, a religião e o sistema patriarcal que prejudica a todos nós.


Pré-concepções que nos dizem que se deve fazer isso e não aquilo. Isso está mal, pelo que dirão, por nosso gênero, aparência física, ideologia, cor da pele, idade, condição social, nacionalidade e etnia.

E vamos crescendo, condicionados e vamos nos enchendo de medos, de fantasmas que se tornam infernos que nos consomem lentamente, e jamais conseguimos nos desenvolver plenamente como seres humanos porque trazemos conosco todas as limitações que foram impostas durante nossa infância e adolescência.

Nos convertemos em adultos inseguros, frustrados e escondemos no mais profundo de nossa desilusão tudo aquilo que nos enche de vida, que nos dá alegria e felicidade. Tudo o que nos permite ser em liberdade. O que nos apaixona se apodrece e nos apodrece ao se converter em veneno puro para nossa alma e espírito. Não é necessário o suicídio, porque estamos mortos em vida. E nos dedicamos a imitar as carências de outros.

Os sonhos que um dia tivemos, que a família, os amigos e a sociedade nos disseram que eram uma loucura, que jamais funcionariam por serem utópicos, vamos enterrando em nosso fel que percorre nossas veias, que se apodera de nosso cérebro, de nossos músculos, de nossa força de vontade. De nosso coração e emoções. Se instala traiçoeiro em nossas células.

E caímos em abismos insondáveis: porque somos frágeis, manipuláveis e nos enchemos de culpas. A depressão nos consome e o estigma se encarrega de apagar toda a ilusão. E acreditamos, acreditamos que na realidade somos uns trapos velhos encontrados em qualquer lixeira, que não temos direito à plenitude. Que não temos capacidade alguma de raciocínio e deixamos nosso critério próprio guardado debaixo da cama e saímos para enfrentar o mundo sem proteção alguma porque nossa autoestima está destruída, nunca conhecemos nosso amor próprio e nossa força de vontade foi talhada desde nossa infância. Então qualquer um opina, qualquer um nos dirige, qualquer nos utiliza.

E passam as horas, os dias e os anos e nós somos os objetos que o sistema patriarcal necessita: que não pensam, não sentem, não têm espírito e são incapazes de despertar e lutar por essas ilusões que nos enchem de vida. Porque um ser vivo se ama e ama, tem força em sua voz e rebeliões em seus atos, tem certeza em seus passos e ternura em suas mãos. Um ser vivo cria, sonha, transforma e pinta de alegria a amargura mais amarga para tornar transitável o inferno mais feroz.

Porque um ser vivo encontra fogo na música que brota de sua alma, seu espírito é livre e liberta.

Nunca é tarde, nosso passo pela terra é fugaz, não teremos outra oportunidade, o dia de hoje não voltará a se repetir em nossas vidas, temos que aprender a eliminar de nosso pensamento todo o padrão patriarcal, e temos que ser valentes e ter a coragem de nos enfrentar à força da tormenta; nossa própria tormenta, onde ninguém entra, que só nos consome a nós mesmos.

Ter a determinação para saltar ao vazio e nos libertar daquela manipulação emocional que veio com os padrões desde criança, a escola, as religiões e a sociedade. Enfrentar os fantasmas e os infernos; encará-los e despojar-nos de tudo o que não nos permite viver plenamente, porque viver plenamente é nosso direito e devemos defendê-lo de tudo e de todos – até de nós mesmos! A plenitude não tem nada a ver com dinheiro nem diplomas universitários, é algo excelso que não tem explicação mas que transforma o ser humano.

Que nada nem ninguém nos detenha, que nada nem ninguém exerça poder sobre nós, é nossa obrigação lutar por aquilo que nos enche de felicidade, por esse instante fugaz que enche de luz nossa alma e aviva nosso espírito.

E estamos equivocados se pretendemos nos proteger em tudo o que chega de fora, temos a capacidade para bloquear tudo o que não permite nos desenvolver, porque só nós temos poder em nossos próprios infernos.

Tenhamos a suficiente integridade para que nem os preconceitos nem os estereótipos que estão nos padrões com os quais crescemos e na sociedade em que vivemos todos os dias, tenha espaço em nosso direito à loucura e à felicidade. Ainda que tenhamos tudo contra nós, disso se trata a tempestade, está aí para nos fortalecer e nos fazer invencíveis. É hora de acreditarmos em nós mesmos.

Tradução: Diário Liberdade

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