Em 1888, um parlamentar da Câmara Federal de Deputados fez a seguinte afirmação:
As classes pobres e viciosas sempre foram e hão de ser sempre a mais abundante casa de toda sorte de malfeitorias: são elas que se designam mais propriamente sob o título de “classes perigosas”; pois quando mesmo o vício não é acompanhado pelo crime, só o fato de aliar-se à pobreza no mesmo indivíduo constitui um justo motivo de terror para a sociedade.
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O conceito de classes perigosas apareceu em 1857, em um livro do psiquiatra austríaco Benedict-Augustin Morel chamado “Teoria da Degenerescência”. Os “degenerados” em questão seriam aqueles que não possuem:
...nem a inteligência do dever, nem o sentimento da moralidade dos atos, e cujo espírito não é suscetível de ser esclarecido ou mesmo consolado por qualquer ideia de ordem religiosa.
Por “ordem religiosa” entenda-se apenas a cristã.
O cadastro anunciado por Jungmann é secreto, mas é muito provável que tenha sido montado segundo critérios muito parecidos aos defendidos por Morel e pelo deputado do século 19.
Basta ter origem social, cor, nacionalidade e religião consideradas “perigosas” para ser forte candidato a fazer parte dos 500 mil possíveis terroristas monitorados pelo governo federal.
Nada mais compatível com o que disse uma vez Pierre de Coubertin, fundador dos jogos olímpicos modernos:
As raças são de valor diferente e a raça branca, sendo de essência superior, todas as outras lhe devem vassalagem.