A concentração opositora crescia enquanto chegavam as marchas que haviam saído de sete pontos da cidade, quando um grupo começou a interpretar seu papel. Pularam as grades do Liceo Gustavo Herrera (escola secundária), e furtaram do local carteiras escolares e uma mesa de metal. Também pegaram troncos, dejetos sólidos e fios de arame oxidados para fechar a rodovia com lixo e entulhos.
Com rostos completamente cobertos, com luvas de segurança, e alguns com máscaras de gás, o grupo que não passava de 30 pessoas, posava para as câmaras da imprensa internacional. Assim era produzido o material para a montagem midiática, que necessita cenas de "caos e violência" no país, para sustentar as acusações de ruptura da ordem democrática.
Alguns opositores participantes da concentração mostraram seu incômodo e crítica a estas ações. Inclusive alguns dirigentes do partido de direita Vontade Popular (VP) repreenderam a atitude dos jovens, e asseguraram "todos os que estiverem encapuzados serão tratados como infiltrados".
Minutos mais tarde, quando inesperadamente a dirigência da MUD desviou a concentração até a Defensoria do Povo, no centro da capital, a marcha encontrou uma barreira da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) que protegia a passagem para o centro, onde acontecia a concentração das forças revolucionárias.
O grupo violento começou o ataque com pedras e garrafas contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo. Nesse lugar, já em Bello Monte, também pegaram desejos sólidos para intensificar o ataque.
Durante a confusão, a maior parte da marcha -incluindo os "líderes" da MUD- ficaram a uns trezentos metros de distância, enquanto estimulavam os jovens -que tinham questionado antes- a manter a "resistência" contra as forças de segurança.
Enquanto tudo isso acontecia, o deputado Julio Borges, dirigente nacional do partido de direita Primeiro Justiça, estava reunido com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, em Washington, para lhe explicar as ações que estavam sendo realizadas no país em apoio à estratégia ingerencista promovida por este organismo, para provocar uma intervenção estrangeira na Venezuela.