A senadora Jeanine Áñez se autoproclamou presidente da Bolívia, na noite desta terça-feira (12/11) – mesmo dia em que Evo Morales e Álvaro Linera chegaram ao México, onde receberam asilo político após terem renunciado para tentar frear a onda de violência do golpe de Estado em curso no país.
Desde o domingo (10/11), ela passou a ser a primeira na linha sucessória após as renúncias do presidente e do vice-presidente do Senado, que seguiram a decisão de Evo Morales.
A Constituição boliviana, porém, prevê que os casos de renúncia presidencial devem ser aprovados ou rejeitados pelo parlamento; assim como a titulação do sucessor deve ser validada pelos legisladores.
Descumprindo o rito constitucional, Áñez discursou como presidente mesmo sem ter sido empossada pela Assembleia Legislativa Plurinacional. A sessão prevista para esta terça-feira não teve quórum, uma vez que os parlamentares do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales, se recusaram a participar por falta de garantias políticas.
Por meio do Twitter, Evo Morales afirmou que a autoproclamação da senadora viola a Constituição e as normas internas da Assembleia Legislativa. Ele denunciou à comunidade internacional o "golpe nefasto" que se consuma "sobre o sangue de irmãos assassinados por forças policiais e militares".
Em seu discurso, Áñez anunciou que convocará novas eleições no prazo de 90 dias. "Devemos convocar eleições o mais breve possível e que o resultado das eleições reflita o que a população queira", declarou.
A senadora já ocupou o Palácio Quemado, em La Paz, quando simbolicamente também ingressaram no local uma bíblia e a imagem de uma santa, além de políticos apoiadores.
Áñez tem 52 anos e nasceu na cidade de Trinidad, no departamento de Beni, em região dominada pelo agronegócio e historicamente opositora aos governos do MAS. Ela é senadora em 2010, pelo partido Plano Progresso Bolívia e atualmente integra a aliança opositora Unidad Demócrata.
Camacho comemora
Um dos líderes da oposição golpista que protagonizou ataques violentos a órgãos públicos e a líderes políticos do MAS durante as últimas semanas, Luis Fernando “Macho” Camacho anunciou a suspensão dos atos protagonizados pelo Comitê Cívico de Santa Cruz.
O golpe de Estado têm respaldo de membros da polícia e do comando das Forças Armadas da Bolívia, que têm atuado na repressão às manifestações populares em favor de Evo Morales.