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Diário Liberdade
Terça, 05 Setembro 2017 13:24 Última modificação em Sexta, 08 Setembro 2017 18:45

Argentina: multidão exigiu na Plaza de Mayo a aparição com vida de Santiago Maldonado

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País: Mapuche / Repressom e direitos humanos / Fonte: Esquerda Diário

Dezenas de milhares de pessoas se mobilizaram no centro do país argentino após completar um mês do desaparecimento forçado de Santiago Maldonado.

Pouco depois do meio dia dessa sexta-feira, 01, dezenas de milhares de pessoas começaram a se mobilizar na Praça de Maio, na capital argentina, onde se realizou um festival e Sergio Maldonado, irmão de Santiago, fez um discurso no fechamento do evento.

Foram parte da concentração organismos de direitos humanos, sindicais, estudantis, partidos políticos e muita gente que marchou por conta do desaparecimento. O PTS (Partido dos Trabalhadores Socialistas) e a Frente de Esquerda se mobilizaram como parte do Encontro Memória, Verdade e Justiça, composto por organismos independentes de todos os governos, exigindo que o caso de Maldonado não termine na impunidade como aconteceu com Julio López.

Em seu discurso, Sergio Maldonado reivindicou a renúncia de Patricia Bullrich e disse: “à senhora ministra de Segurança, lhe peço que dê um passo atrás e deixe o seu lugar a alguém capacitado. Somos maltratados pela senhora ministra de Segurança”. Essas palavras provocaram a resposta dos manifestantes que gritaram “que renuncie, que renuncie!”.

“Até quando devemos seguir nos perguntando aonde está Santiago?” perguntou também. “Faz um mês do desaparecimento forçado e o Estado nega. Em nenhum momento se questionou a ação dessa força de segurança, o único que fizeram foi questionar amigos e família de Santiago”. Então pediu por “uma investigação séria e imparcial. Que se investigue a cada um da Gendarmería [polícia federal] que atuou nesse dia”.

Durante a mobilização, o Encontro Memoria, Verdade e Justiça distribuiu a seguinte declaração:

Aparição com vida já de Santiago Maldonado – O Governo e o Estado são responsáveis

Estamos nesse grande ato unitário há um mês da detenção e desaparecimento de Santiago Maldonado por parte do Estado, após a brutal repressão da Polícia Militar na Pu Lof em Resistência de Cushamen, na região de Chubut, com balas de borracha e chumbo, destruindo tudo ao redor.

Santiago estava em um acampamento solidário à luta da comunidade mapuche, que reivindica seu direito de ocupar suas terras ancestrais, quando as forças federais entraram ilegalmente ao Lof. A notícia recorreu o país e despertou a solidariedade de nosso povo, que saiu às ruas para exigir a aparição com vida de Santiago.
A mobilização popular e as amostras internacionais de apoio fizeram possível que a justiça reconhecesse a figura de desaparecimento forçado. Seguiremos nas ruas, como fizemos quando desapareceu Julio López, exigindo o castigo aos responsáveis de seu desaparecimento. O caso de Santiago não pode se converter em outro monumento à impunidade.

O Estado não só é responsável, mas também encobre à Polícia Militar. O desaparecimento forçado de pessoas começa com a privação da liberdade por parte do Estado, depois com a falta de informação sobre seu paradeiro e a negativa do Estado em reconhecer o caso. Por ser um delito de Estado, é este que deve demonstrar que não é responsável.

O governo e sua ministra de Segurança, Patricia Bullrich, eximiram de toda responsabilidade a Polícia Militar e realizaram uma enorme operação de encobrimento que vai desde ocultar provas, até uma campanha midiática para demonizar o povo mapuche e culpabilizar o próprio Santiago e sua família.
Bullrich também saiu a defender seu chefe de gabinete Pablo Noceti. Esse ex-defensor de genocidas, que acusa os mapuches e quem os apoiam de terroristas, dirigiu pessoalmente a repressão do dia 1 de agosto. Que Bullrich siga a frente do Ministério de Segurança, utilizando os recursos do Estado para sustentar o encobrimento, é uma garantia de impunidade.

Desde o início desse ano, o governo provincial e o governo nacional realizaram diversos ataques ao povo mapuche, defendendo os usurpadores de suas terras, como é o caso dos empresários Lewis e Benetton. Assim, para disciplinar a comunidade, a Polícia Militar deteve novamente, a finais de junho, o líder mapuche Facundo Jones Huala, ainda que a justiça argentina não tenha causas contra ele e já tivesse declarado a anulação do pedido de extradição do governo chileno.
A Polícia Militar é a mesma força de segurança, cada vez com mais insistência, que os sucessivos governos utilizam para reprimir marchas, liberar cortes de rotas e espiar lutadores sociais, como com o Projeto X.

Os ataques e a demonização das lutas se estenderam nos últimos dias a agrupações sociais e políticas em geral. Assim foi visto o ataque com disparos à dirigente social Julia Rosales, a perseguição a docentes por falar de Santiago em aula, os pedaços dos veículos de três companheiros de APDH Matanza (Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos, traduzido para o português) e a onda de invasões simultâneas a locais de organizações populares e partidos políticos na cidade de Córdoba, entre outros acontecimentos repressivos.

Diante dessa situação, assim como estamos fazendo hoje, desde o EMVJ (Encontro Memória, Verdade e Justiça) nos comprometemos a seguir a mobilização com a maior unidade de ação possível pela aparição com vida de Santiago e pelo castigo dos culpados.

• Aparição com vida já de Santiago Maldonado
• Fora Patricia Bullrich e Pablo Noceti
• Basta de perseguir os povos originários
• Liberdade a Facundo Jones Huala e a Agustín Santillán
• O Estado e o governo nacional são responsáveis

ENCONTRO MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA

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