Todos sabem do confronto entre os mapuches e a empresa italiana BENETTON. Seu dono, Luciano Benetton, despejou os índios mapuches de muitas de suas terras na Patagônia argentina, onde existe a maior concentração de hectares em poucas mãos.
Luciano Benetton, dono de 900 mil hectares de terras, é tido como um dos reis da Patagônia, reserva de recursos energéticos e minérios.
O fato é que o território mapuche é estratégico em termos econômicos e geopolíticos. Desperta o interesse não só do empresariado argentino, mas também do mundo. Além disso, os norte-americanos querem estabelecer uma base militar nesse lugar. Lá tem gás, petróleo, minérios, recursos florestais e aquíferos, a partir dos gelos continentais.
A feroz repressão praticada pela polícia contra a comunidade Pu Lof no departamento de Cushamen, na fronteira noroeste de Chubut - em consequência da qual acabou morrendo o jovem Santiago Maldonado - aconteceu dentro das terras que pertencem, hoje, a Benetton.
Maldonado participava de um protesto dos mapuches na defesa de seus direitos ancestrais sobre esses territórios e a polícia atacou os manifestantes. O caso abalou a sociedade argentina, mesmo assim a violência contra as comunidades indígenas não se aplacou.
À morte de Maldonado, se somou, nos últimos dias, a de um jovem mapuche, assassinado pela polícia nos arredores do Lago Mascardi, em Bariloche. Balas de chumbo dispararam os policiais contra os moradores que se recusavam a abandonar suas terras ancestrais.
Em comunicado, o Conselho Nacional Indígena repudiou a repressão e a perseguição dos combatentes das diferentes organizações territoriais, comunidades e movimentos sociais.
As comunidades autóctones pediram ao Governo que declarasse a cessação imediata das hostilidades e acatasse o disposto no Convênio Internacional 169 da Organização Internacional do Trabalho em proteção dos povos indígenas.
Acontece que há muitos interesses em jogo e, como todos sabem, Macri governa em benefício dos ricos. A dirigente mapuche Moria Millán denunciou que as autoridades colocaram a polícia à disposição dos multimilionários donos da Patagônia, para defender suas propriedades. Quem paga a polícia é o governo. Enquanto isso – disse a dirigente mapuche – falta dinheiro para a saúde, a moradia, a educação, para os direitos básicos de todos os argentinos.
É verdade que o problema mapuche é antigo, mas sob o governo de Macri se intensificou a perseguição contra os povos originários, aos que pretendem mostrar como se fossem delinquentes e terroristas para criar uma imagem negativa na sociedade e assim justificar seus crimes contra essas comunidades para proteger os interesses dos ricos.