Registem-se, para já, dois dados politicamente significativos da biografia política de Nasralla: um, ser um dos fundadores do partido “Anticorrupção”; outro, ter assinalado a responsabilidade dos grandes media no empolamento da crise venezuelana. Talvez esses dados ajudem a explicar a demora.
Um processo eleitoral que viu milhões de hondurenhos saírem pacificamente a votar para eleger as suas autoridades para os próximos quatro anos está-se convertendo aceleradamente numa farsa eleitoral, que poderia em breve converter-se em perigosa crise política.
Os magistrados do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) negam-se a dar a conhecer os resultados das eleições de 26 de Novembro. A única informação da madrugada da passada segunda-feira – resultante da pressão dos observadores internacionais – referia-se a 58% das actas, em que o candidato da Alianza de Oposición, Salvador Nasralla, tinha uma vantagem superior a 100 mil votos sobre o seu principal concorrente, ol actual presidente Juan Orlando Hernández.
Ambos candidatos se declararam vencedores, os ânimos estão a aquecer e o TSE cala-se, de forma suspeita. Apenas o magistrado suplente do TSE Marco Ramiro Lobo admitiu que a vitória de Nasralla “é irreversível”.
De acordo com o presidente do TSE Davíd Matamoros, o tribunal dará resultados definitivos uma vez contadas todas as actas. Ainda faltariam umas 7500 actas que supostamente não puderam ser transmitidas por via electrónica a partir dos centros de votação e que estão agora sendo entregues fisicamente. Estas actas representam aproximadamente uns 2 milhões de votos. Os resultados seriam dados a conhecer até quinta-feira 30 de Novembro.
Entretanto, tanto a Alianza de Oposición como o Partido Liberal asseguram ter em seu poder um número muito maior de actas. Segundo os dados da contagem paralela da Alianza de Oposición, com 71.4% das actas físicas processadas Nasralla (45.6%) manteria uma vantagem de 5 pontos sobre Hernández (40.6%). Muito atrás estaria o candidato liberal Luis Zelaya com 13.9%. A diferença é de quase 118 mil votos. Os liberais dizem ter em seu poder mais de 90% de actas.
“O Tribunal tem os mesmos dados. Os observadores também. A tendência é irreversível e eu sou o novo presidente. ¿Porque se calam então?”, interrogou-se Nasralla ante uma multidão que se concentrou frente às instalações do TSE para exigir que cesse de atrasar a publicação de resultados.
A incerteza criada pelas autoridades eleitorais está sendo aproveitada pelo partido oficialista e pelo actual presidente e candidato à reeleição, que se proclamou ganhador, embora as contagens que apresenta se refiram sempre a sondagens internas. Activistas do Partido Nacional saíram à rua em diferentes partes do país.
Juan Orlando Hernández está a ficar isolado, uma vez que o candidato do Partido Liberal, Luis Zelaya, reconheceu a vitória de Nasralla e aceitou trabalhar com ele e com a Alianza durante a próxima legislatura.
“Juan Orlando (Hernández) e seu partido não se atrevem a reconhecer a sua ampla derrota. Por favor, façam-no. Não podem já reverter isso. O povo decidiu e devem respeitá-lo. Espero que o tribunal tome nas próximas horas a decisão de dizer a verdade”, disse Nasralla ante a multidão.
Fonte: LINyM
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