A Venezuela rechaçou, neste sábado (26/01), na ONU, o ultimato dado por vários países europeus para organizar eleições em até oito dias. Caso contrário, afirmam que reconhecerão o opositor Juan Guaidó como presidente interino. Enquanto isso, a Rússia acusou, na mesma sessão na ONU, o governo dos Estados Unidos de querer "orquestrar um golpe de Estado" na Venezuela.
O chanceler venezuelano Jorge Arreaza disse entender que haja "governos satélites" que se dobram à decisão americana de declarar ilegítimo o presidente Nicolás Maduro.
"Mas a Europa? Seguindo os Estados Unidos? Nem tanto os Estados Unidos, mas o governo de Donald Trump? A Europa? Nos dando oito dias de quê? De onde vocês tiram que têm algum poder para dar prazos ou ultimatos a um povo soberano? De onde tiram que tão ação intervencionista e, diria eu, até infantil?", indagou o chanceler Jorge Arreaza em uma sessão especial do Conselho de Segurança da Venezuela.
"Ninguém vai nos dar prazos, nem vão nos dizer se fazem eleições, ou não", na Venezuela, afirmou Arreza.
Ao longo do discurso, ele agitou diversas vezes a Carta das Nações Unidas em uma mão e uma edição em miniatura da Constituição bolivariana na outra.
"Dediquem-se aos seus assuntos, respeitem a autodeterminação dos povos", pediu.
O chanceler afirmou que há meses os Estados Unidos planejam um golpe de Estado "descarado" na Venezuela, embora tenha reiterado a vontade do governo de Nicolás Maduro de dialogar com Washington.
"As forças armadas nacionais bolivarianas defendem com sua vida esta Constituição", garantiu. Os americanos "não conseguiram convencer nossos militares a derrubar o presidente Maduro. Nem conseguirão".
Rússia e EUA trocam farpas
A Rússia acusou neste sábado (26) na ONU o governo dos Estados Unidos de querer "orquestrar um golpe de Estado" na Venezuela, mas Washington afirmou que o presidente Nicolás Maduro lidera um "Estado mafioso ilegítimo" e pediu a união de todos países às "forças liberdade" em apoio ao opositor Juan Guaidó.
"A Venezuela não representa uma ameaça à paz e à segurança. (...) é uma tentativa de Washington de orquestrar um golpe de Estado", afirmou o embaixador da Rússia, Vassily Nebenzia, na sessão.
Mas o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou, na sede das Nações Unidas, que Maduro lidera "um Estado mafioso e ilegítimo" e "que muitos venezuelanos estão morrendo de fome" devido a "um experimento socialista que provocou um colapso da economia".
"Agora é a hora de cada nação escolher de que lado está. Sem mais atrasos, sem mais jogos. Ou está com as forças da liberdade, ou está na liga de Maduro e seu caos", afirmou Pompeo.
"Chegou a hora de apoiar o povo venezuelano, reconhecer o novo governo liderado pelo presidente interino (Juan) Guaidó e terminar com esse pesadelo. Sem desculpas", insistiu.
Pompeo também alertou Maduro sobre a proteção aos diplomatas americanos na Venezuela - cujo prazo para deixar o país estabelecido por Maduro vence amanhã.
"Deixem-me ser 100\% claro: o presidente (Donald) Trump e eu esperamos que nossos diplomatas continuem recebendo as proteções previstas pela Convenção de Viena", disse. "Não ponham à prova os Estados Unidos em sua resolução de proteger nosso povo".
Um projeto americano de declaração do Conselho de Segurança sobre Venezuela que pedia "apoio pleno" à Assembleia Nacional dirigida por Guaidó foi bloqueado nesta manhã por China e Rússia.
Os Estados Unidos nomearam Elliott Abrams - diplomata questionado que participou de campanhas anticomunistas na América Central - como emissário para "restaurar a democracia" na Venezuela.