Numa «Mensagem urgente às forças políticas comunistas e operárias do mundo», o PCC sublinha, tal como fez na semana passada o governo cubano, que a preparação da «aventura militar disfarçada de ajuda humanitária», por parte da administração norte-americana, «constitui não apenas uma ameaça real para o povo venezuelano, mas traz consigo um perigo real para a paz no mundo».
«Estamos perante uma típica ameaça de guerra de agressão imperialista, seja disfarçada como for, cujo objectivo principal é a apropriação, por parte dos Estados Unidos, das maiores reservas certificadas de petróleo do planeta», denuncia o PPC, sublinhando que Washington «não deveria subestimar os custos de uma agressão contra a Venezuela»: a «possibilidade de uma desastrosa regionalização do conflicto armado atingiria os nossos povos e todos os seus sectores sociais, económicos e políticos», alerta.
O PCC sublinha, além disso, que o ataque não teria apenas como alvo Revolução Bolivariana, uma vez que «a acção é encarada como uma investida final contra a esquerda e as forças progressistas em todo o mundo. Hoje é a Venezuela, amanhã serão a Nicarágua, a Bolívia ou Cuba».
Neste sentido, a defesa da Revolução Bolivariana «passa a ser a primeira trincheira na luta pela soberania da Nossa América, pelo ideal de justiça social, paz com dignidade e unidade no mundo».
Os comunistas cubanos, que fazem sua a tese do governo de Cuba de que «se decide hoje na Venezuela a soberania e a dignidade da América Latina e das Caraíbas e dos povos do Sul», apelam aos partidos comunistas e operários de todos os continentes para que mostrem o «imenso potencial político» que detêm «na luta contra a guerra e em defesa da paz».
Colombianos «contra a guerra e a intervenção imperialista»
Num editorial ontem publicado no semanário Voz, fundado em 1957 pelo Partido Comunista Colombiano, alerta-se para «a ópera bufa por detrás da "ajuda humanitária"», que «esconde o verdadeiro veneno que é a provocação».
Para este órgão, durante muitos anos dirigido pelo já falecido jornalista Carlos Lozano, «os movimentos de porta-aviões e cruzeiros, a utilização de bases militares no exterior, a origem governamental da "ajuda yankee", a recusa da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho a participar no jogo» são sinais que permitem antever «uma intervenção militar, com qualquer pretexto».
No caso de Washington optar por essa via contra o governo da Venezuela, «as consequências seriam, neste momento, incalculáveis», afirma o semanário, sublinhando que não se podem ignorar duas coisas: a capacidade de resposta das milícias e do Exército bolivariano; as represálias que sentirão na própria pele aqueles que colocarem o seu território à disposição para que se consume uma invasão.
Neste contexto, o editorial defende que se incremente a solidariedade com a Venezuela e a luta contra a guerra. «A luta contra a guerra, contra a intervenção imperialista na Venezuela, pelo respeito pela sua autodeterminação sem ingerência estrangeira é, em certa forma, a nossa própria luta em defesa da paz, do respeito pelos acordos, do direito à vida», frisa o semanário colombiano.