“A aposta hoje é pela paz”, concordaram em afirmar a jornalistas da imprensa cubana muitos colombianos, durante estes dias de emoção que enchem ruas e cidades. E este se tornou um dos momentos mais inesquecíveis, dos vividos por nossa região nos últimos anos.
Em um sinal de paz para a Colômbia tornou-se a liturgia que começou pouco depois do meio-dia da segunda-feira, 26 de setembro, na igreja de San Pedro Claver, localizada no centro histórico de Cartagena. "Bem-vindos a esta oração que elevamos, confiando em Deus, para a Colômbia", disse monsenhor Jorge Enrique Jiménez Carvajal, arcebispo de Cartagena.
Ali também marcou presença o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz, para acompanhar e compartilhar, juntamente com outros presidentes, representantes de organizações internacionais, chanceleres e convidados, o povo colombiano neste momento de amor e esperança.
Oficiada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, a cerimônia religiosa de quase uma hora se converteu em uma oração pela Colômbia, pela harmonia do povo colombiano, pelo país todo, com o objetivo de unir as diferentes religiões em uma oração pela reconciliação e a unidade do país.
O cardeal Parolin trouxe à Colômbia as palavras de apoio do Santo Padre, quem acompanhou de perto os esforços destes últimos anos em favor da paz. "Iluminar o caminho e as decisões que os colombianos devem tomar", pediu ele em sua oração.
Enquanto isso, o presidente Juan Manuel Santos pediu a Deus sabedoria para fazer da Colômbia “uma família, na qual ninguém se sinta sozinho ou excluído”.
E como um sinal de paz e reconciliação, em seguida, os presentes trocaram saudações, independentemente de credo ou da nacionalidade, para concluir assim a cerimônia emocional.
No final da tarde, os presidentes participantes entraram na Esplanada de San Francisco, localizada no Centro de Convenções da cidade, todos levados até seus lugares segurando mãos de crianças, por cujo futuro este acordo foi assinado.
Junto com eles veio o presidente cubano para tomar seu lugar na presidência da cerimônia, que marca o início de um novo processo que requer da contribuição e a vontade de todos os colombianos.
Mais de 2.5 mil convidados acenaram com lenços brancos nas mãos, a praça estava cheia de luz, não só pelas cores que surgem, mas também pelos rostos de emoção e felicidade que a enchem... porque procurar um futuro sem violência tem sido o propósito acalentado por tantos anos.
O acordo final repousa sobre a mesa, ao lado do 'balígrafo’ com que será assinado, uma caneta feita com projéteis de fuzil, símbolo da transição das balas para a educação, o futuro.
Em primeiro lugar, em nome das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs-EP) foi a rubrica de Rodrigo Londoño, vulgo Timoleon Jimenez ou comandante Timochenko. No centro de imprensa, em seguida, ouviu-se o primeiro de muitos brados de uma longa lista de expressões de apoio, que acompanharam todo o dia.
Também falou o presidente Juan Manuel Santos, que em um gesto simples e agradável ofereceu a Londoño o broche em forma de pomba que levava em sua camisa, símbolo de uma paz, que por tanto tempo ansiavam.
O forte aperto de mãos selou o acordo; um acordo já escrito, mas ao qual cabe agora dar vida neste país.
“Acreditamos que, com a união de todos os colombianos, a paz pode ser durável”, disse Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, enquanto que assegurou todo o apoio necessário no longo caminho que ainda está por vir.
Mais adiante, Santos agradeceu o baluarte em que se converteram Cuba e a Noruega como fiadores deste processo; e também à Venezuela e o Chile, como países acompanhantes. “Graças a estes acordos o futuro pode ser olhado com muito otimismo”, disse o presidente colombiano.
“Ao povo bondoso e abençoado, que nunca abandonou a esperança de poder viver em paz” foram dedicadas as primeiras palavras do comandante em Chefe do Estado Major das FARC.
“Cabe ao povo colombiano, agora, converter-se na principal garantia de tudo aquilo que foi combinado”, disse. Pôr fim a uma longa luta dos combates contínuos era uma dívida pendente com as crianças deste país e agora começa a ser paga essa dívida.
Em suas palavras também não faltou a “gratidão a Cuba, ao comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz, ao general-de-exército Raúl Castro e ao povo cubano em geral”; e também ao Reino da Noruega e a seu povo.
Reconhecimento especial a Hugo Chavez e ao presidente Nicolás Maduro, que continuou o trabalho de Chávez, tal como ao Chile, pelo papel desempenhado.
“Em nome da FARC-EP, sinceramente, peço perdão às vítimas do conflito por toda a dor que causamos nesta guerra”, foi o culminar de suas palavras.
“Também às vítimas, que têm sido o centro e a razão de ser da solução deste conflito”, foi a primeira saudação do presidente colombiano. Ele também agradeceu aos presidentes que vieram a esta cidade para acompanhá-los.
Uma cidade que a partir de agora será lembrada não só pela sua beleza natural e arquitetônica, mas também “como a cidade onde foi assinado o acordo mais importante da Colômbia, a cidade da paz”.