No dia 15, momento em que a classe trabalhadora entrou em cena, mostrando sua forte disposição para resistir a reforma da previdência e todos os ataques de Temer, nós construímos um importante bloco de estudantes, assim como no do dia 31. Deixando claro para o reitor, Temer e companhia, que a juventude está disposta a se organizar ao lado dos trabalhadores para barrar a reforma da previdência, a reforma trabalhista, a terceirização, o desmonte da educação pública e todos os ataques que eles pretendem descarregar sobre nossas costas.
Agora, mesmo com mais de um mês de trégua das grandes centrais sindicais e estudantis, estamos nos preparando para construir o dia 28 de abril. Precisamos que esse dia, seja uma efetiva paralisação nacional que abra caminho para um plano de luta e uma greve geral que pare o país. E para isso, teremos duas semanas muito importantes de preparação na USP. Precisamos construir em cada curso ações efetivas que consigam unificar estudantes, professores e funcionários de dentro e fora da universidade para a realização de uma ação contundente no dia 28. Algo extremamente necessário, para que possamos derrotar completamente todos esses ataques já aprovados ou em andamento, e com essa força dar uma resposta política à crise da USP e nacionalmente.
Comitês unificados e assembleias: importantes organismos para um amplo e democrático debate de preparação para o dia 28
Nessa terça-feira, 18, está sendo convocado um comitê unificado entre estudantes funcionários e professores da USP. Esse comitê é um espaço muito importante onde poderemos debater como construir de forma unitária a mobilização dentro da universidade para que no dia 28, possamos paralisar novamente a USP e fazer uma ação a altura de combater os ataques que estão sendo aplicados. Esse comitê precisa encaminhar uma ação radicalizada, a altura de um dia de paralisação nacional, onde possamos mostrar de forma concentrada nossa força e nossa luta. Na quarta-feira, 19, teremos a reunião do Comitê da Zona Oeste para a construção do dia 28 de abril, que pretende reunir todos os sindicatos, movimentos sociais e organizações de esquerda, especialmente com atuação na ZO, os trabalhadores e trabalhadoras, jovens, moradores e ativistas de base, onde podemos debater como ampliar esse chamado, com o objetivo de ter ações coordenadas na região e construir de verdade a greve geral contra as reformas da previdência, trabalhista e a terceirização.
Assim, a partir de debater medidas unificadas com outros setores da região, podemos em nossa assembleia geral dos estudantes, que vai acontecer no dia 20, traçar um verdadeiro plano de guerra de preparação do dia 28 nos cursos. Com indicativos de assembleias e espaços de discussões, avançando na formação de comitês de curso, que ajudem no debate desde cada local de estudo, para que cada vez mais estudantes possam ser sujeitos no debate sobre os rumos da nossa mobilização.
Desde a juventude Faísca – Anticapitalista e Revolucionária, achamos fundamental que construamos cada vez mais espaços de discussão e organização dos estudantes, buscando também fortalecer espaços unificados com professores e trabalhadores de dentro e fora da USP. A experiência que viemos tendo como parte da gestão do centro acadêmico da Faculdade de Educação (CAPPF), onde desde o início do ano viemos construindo espaços que permite a organização dos estudantes e a articulação com demais setores da faculdade, resultou em importantes blocos nos últimos atos, permitindo com que os estudantes, especialmente os calouros, fossem muito sujeitos desse processo.
A batalha para que o dia 28 seja um dia efetivo de paralisação – e não só um dia onde as grandes entidades como CUT, CTB e UNE, tentem controlar a disposição de luta dos trabalhadores e da juventude para que se transformem apoio a seu projeto conciliatório de Lula 2018 – começa por organizarmos desde agora em nossos locais de estudo. Por isso batalhamos para que cada centro acadêmico dirigido por setores que estão alinhados a política petista – como o CAELL e o CEUPES – rompam com essa adaptação e passem a organizar efetivamente os estudantes do curso. E para que o DCE cumpra o seu papel como maior entidade representante dos estudantes e leva a discussão da mobilização e paralisação para todos os cursos. Construindo de fato uma grande luta dentro e fora da universidade.
Organizar a luta na USP é parte da nossa batalha pela construção de uma alternativa política independente dos trabalhadores e da juventude
A concretização de uma ação efetiva construída desde as bases no dia 28, conforme discutimos aqui, seria um passo importante para que os estudantes da USP pudessem se ligar a outros setores e fazer algo totalmente diferente das paralisações rotineiras e controladas pelas burocracias sindicais e estudantis. Nos inspirando no exemplo argentino, onde a esquerda e os sindicatos combativos, juntamente com a juventude, tiveram uma participação ativa nas paralisações, com grandes piquetes em pontos estratégicos de todo o país, deixando marcado que havia, mesmo que minoritária, uma alternativa à burocracia sindical peronista. E como consequência também aparecendo como uma alternativa de organização e programa na luta contra Macri e seus ajustes.
Aqui no Brasil, podemos mostrar que é possível um plano para vencer. E para isso, precisamos também mostrar como as direções dessas grandes centrais sindicais e estudantis não podem levar até o final seu discurso de greve geral, e se não estiverem pressionadas por uma alternativa ganhando força nos locais de trabalho e estudo, jamais construirão algo de fato. Por isso é tão decisivo que hoje os setores que são parte da esquerda tomem uma decisão, e se apresentem como uma alternativa real, o que também passa por erguermos um programa de resposta à crise. Em primeiro lugar lutando pela derrubada de todos esses ataques e de Temer, mas também para erguer uma resposta para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.
É visando construir essa alternativa, que acreditamos que nossa batalha por esse plano concreto de preparação para o dia 28 na USP, ganha uma importância fundamental. Por ser um dos poucos lugares onde podemos fazer a diferença e demonstrar na prática que por meio da nossa organização é possível avançarmos para construir uma greve geral efetiva em todo o país.