A greve geral agendada para os dias 09 e 10 de janeiro em toda a Índia é o 18.º protesto de dimensão nacional contra as políticas econômicas do governo liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi.
Convocado por dez centrais sindicais, o protesto contou, no primeiro dia, com a participação de 200 milhões de trabalhadores de vários setores, segundo revelou em comunicado o Centro de Sindicatos Indianos (CITU, na sigla em inglês).
Funcionários públicos e do setor privado, trabalhadores portuários, dos seguros e da banca anunciaram a sua adesão à greve. O mesmo fizeram algumas associações de agricultores. Em declarações à imprensa, Rahul Atul Kumar Anjaan, da ala camponesa do Partido Comunista da Índia (Marxista), disse que, quando outros trabalhadores protestarem contra as políticas do governo de Modi, eles também se juntarão às mobilizações.
Entre as exigências divulgadas pelas entidades sindicais que convocaram a greve, contam-se: o aumento do salário mínimo nacional; a criação de uma pensão mínima de 3000 rupias por mês; segurança social universal para todos os trabalhadores; medidas em defesa da criação de emprego e contra a destruição de postos de trabalho.
Com esta paralisação nacional, os sindicatos denunciam: a privatização crescente da Educação e da Saúde, bem como de setores-chave do Estado (ferrovia, aviação, Defesa, etc.); o desinvestimento no setor público; as alterações na legislação laboral que favorecem o patronato e o surgimento da precariedade; o aumento de preços e a especulação.
Primeiro dia com elevada adesão
De acordo com uma nota publicada pelo CITU, ligado ao PCI (M), no primeiro dos dois dias de greve geral o protesto teve uma dimensão «histórica», com mais de 200 milhões de trabalhadores a aderirem à paralisação e a participarem em manifestações, concentrações, cortes de estrada e de vias férreas.
O CITU, que destaca o grande apoio popular aos trabalhadores em greve, afirma que, nos estados do Nordeste do país, nos de Kerala, Assam e Odisha, e em vários distritos do de Karnataka, prevaleceu uma situação de greve geral. Revela ainda que, nestes e noutros estados, o transporte rodoviário foi «severamente afetado».
A greve foi também bastante sentida no setor industrial, nomeadamente na cintura de Déli, nas refinarias de petróleo de Assam, Maharashtra, e nas grandes áreas industriais de Karnataka, Punjab, Jharkhand, Gujarate e Telengana. A adesão à greve foi total em unidades de produção de multinacionais como Bosch, Seat, Crompton, Samsonite (em Maharashtra), Volvo e Toyota (em Karnataka).
De acordo com o CITU, a adesão à paralisação na indústria mineira, do ferro e do aço oscilou entre «quase total» e os 50%, enquanto nas empresas de eletricidade, nas plantações de chá (em Assam, Bengala Ocidental e Kerala) e no setor bancário se registrou uma adesão «massiva».
A central sindical denuncia a existência de múltiplos casos de repressão policial em diversos estados, afirmando que milhares de ativistas e delegados sindicais do CITU foram presos. No entanto, sublinha, a campanha levada a cabo contra a greve foi infrutífera. A prova disso é a resposta às políticas neoliberais e antipopulares que os trabalhadores indianos estão dando, por todo o país, nas empresas e nas ruas.
Ilustração: Trabalhadores e ativistas sindicais participam numa concentração em Mumbai, no primeiro dos dois dias de greve geral convocada para toda a Índia
Créditos: defenddemocracy.press