A Agência Patrícia Galvão – vinculada ao instituto de mesmo nome dedicado ao combate à violência contra a mulher – compilou dados de pesquisas divulgadas até junho deste ano, que trazem números alarmantes e preocupantes a respeito da violência de gênero no Brasil, muitas vezes praticada pelos agentes do Estado e que vitima sobretudo mulheres negras, que representam 24,5% da população brasileira.
Próximo ao dia 3 de junho, Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, o Instituto recolheu dados da Pesquisa Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, realizada pelo DataSenado no período entre 29 de março e 11 de abril, e do Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança.
A primeira pesquisa, feita com 1.116 mulheres, entrevistadas por telefone, mostra “como o racismo potencializa e torna ainda mais cruel as violências contra negras frente àquelas praticadas contra mulheres não negras”.
Já o Atlas da Violência 2017 aponta que além de serem maioria entre as vítimas fatais de agressão, mulheres negras são também as que mais morrem pelas mãos do Estado, nas “intervenções legais e operações de guerra”. No período entre 2005 e 2015, 52% de mulheres pretas ou pardas foram vitimadas pelo braço armado do Estado, como a carioca Claudia Silva Ferreira, baleada e arrastada por uma viatura policial até a morte, em 2014, e Luana Barbosa dos Reis, espancada pela polícia, em Ribeirão Preto, no ano passado.
Os números cresceriam ainda mais se comparados com dados oficiais do Sistema Único de Saúde (SUS). A discrepância aponta possível subnotificação por parte da PM: a diferença entre os registros aponta que o número é 3,5 vezes maior nos dados do SUS. Ou seja, ao invés de 75 mortes por ações policiais teriam ocorrido, no mesmo período, 210 homicídios.
O racismo também é evidenciado dentro de casa, onde foram contabilizados, em um ano, 2.902 mortes de mulheres negras, o equivalente a oito homicídios por dia.