Hoje senti no fundo da alma
No âmago
No peito marcado com tanta dor.
Morte de gente justa
Como a gente
Acorda de manhã, conta as moedas e pega o busão
Acorda cedo em dia de manifestação
Por saber bem o preço de cada grão incorporado em nossa luta
Tira a camisa do coletivo do armário
Sabe que é necessário
Sabe que é impossível fechar seus olhos
hoje os fechou pra eternidade.
Estado covarde.
Morte de gente como nós
anuncia nossa própria morte
Nos faz sentir mortos
9 badaladas
9 pedradas
9 cápsulas queimadas
E um mundo que cala
E um porco fardado que amanhã fala que com isso nada tem.
Hoje uma que morre por preferir morrer de pé do que viver ajoelhada.
Na noite de 14 de março Marielle foi assassinada no Centro do RJ enquanto voltava do evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”.
Marielle Franco era vereadora pelo PSOL e foi a quinta mais votada no Rio de Janeiro nas eleicões 2016 com 46.502 votos e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.
Nós, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, nos solidarizamos com familiares e amiga(o)s de Marielle, assim como do motorista,Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que a acompanhava. Faremos coro para que luta pelos direitos humanos não cesse diante deste episódio de barbárie, que encontra semelhanças infelizes em cada comunidade pobre e periférica do Brasil. Não deixaremos que a luta de Marielle Franco seja em vão.
É hora de intensificarmos a nossa luta e mostrarmos que não deixaremos que silenciem a nossa voz. Que o nosso grito seja forte e único para exigirmos uma rigorosa investigação e apuração deste crime, sob a fiscalização de um comitê democrático composto por partidos políticos, entidades e movimentos populares.
É por Marielle e por todas nós que falamos: não passarão!
Companheira Marielle, presente!