Autor do livro “Dos Barões ao extermínio: a história da violência na Baixada Fluminense”, o sociólogo estuda as milícias há 26 anos. Segundo Alves, elas:
São formadas pelos próprios agentes do Estado. É um matador, é um miliciano que é deputado, que é vereador. É um miliciano que é Secretário de Meio Ambiente. Sem essa conexão direta com a estrutura do Estado não haveria milícia na atuação que ela tem hoje.
Alves identifica suas origens na criação da Polícia Militar, em 1967. A partir daí, vieram os esquadrões da morte, que teriam inspirado os atuais grupos de extermínio.
A certeza da impunidade que as ligações com o Estado permitem é tamanha, afirma o entrevistado, que seus membros já chegam dizendo: “Eu sou o cara, eu sou o matador, eu tenho vínculos com fulano, beltrano e sicrano. Eu ocupo este cargo”.
E os três mandatos do PT no governo federal nem arranharam essa estrutura, lamenta Alves. Ao contrário, é triste lembrar que o partido chegou a ter um deputado miliciano na Alerj.
O resultado está aí. Hoje, a milícia é o Estado não somente no Rio de Janeiro.
Entre as principais características dessas organizações, afirma o sociólogo, estão a estrutura familiar e a vinculação a igrejas. Duas instituições cuja credibilidade é explorada com sucesso pelos grupos de extermínio.
Mas não tem Brasil acima de tudo ou Deus acima de todos. Só a milícia no comando.
Fonte: Pílulas Diárias