Aí, claro, dão aval para a polícia de sempre, truculenta como sempre, assassina como é ensinada, massacrar esses garotos. Identificação na farda? Piada. Nunca usaram em protesto. Imagina agora que a gente deixou de fingir existir democracia por essas bandas do globo. Agora é que está tudo escancarado, mesmo. É repórter fotógráfico sendo detido e tendo a câmera destruída. É garota ativista perdendo um olho por estilhaço de bomba de efeito (i)moral. De fato, São Paulo sob a aura de mais de duas décadas de PSDB é realmente o Tucanistão, como costumam se referir. Lá, a brutalidade costuma dar as caras primeiro.
No Rio Grande do Sul, em Caxias, um advogado negro é brutalmente agredido por dois policiais que, claro, não acreditam que ele seja advogado. Onde já se viu advogado preto? Ainda mais no sul, onde tem gente que dá mais valor às origens de sobrenomes do que ao caráter. O filho, vendo o pai ser massacrado, chutou a cara de um dos policiais. Encontra-se nesse momento numa penitenciária. Os policiais que espancaram o advogado? Soltos! Ditaduras costumam ser assim, mesmo.
Tudo ainda é muito incipiente. A violência não, claro. Sempre esteve por aqui. As esquerdas e os campos mais progressivos dão sinais que pretendem resistir com bravura. As zonas abissais morais de sempre, que sempre estiveram no topo da pirâmide social, também dão sinais de que continuarão a mandar os seus capitães do mato - a polícia - para fazer o trabalho sujo... de sangue. Afinal, sabem do apoio garantido de vira-latas da classe média, que usam coleiras, e acham que são melhores do que os outros cães de rua, só porque comem ração.
Ouvi um dia desses uma frase de Buenaventura Durruti, anarquista espanhol: "Quando a burguesia vê que o seu poder está escapando de suas mãos, recorre ao fascismo para manter o poder de seus privilégios". Bem, não preciso dizer mais nada, né?