Começou com a exposição do teaser do documentário “Minha escola, minhas regras”, de Nivek D’arc, que retrata as escolas ocupadas no Brasil em três estado "São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul".
As intervenções e o debate demarcaram que professores e futuros professores devem tomar partido sobre o conjunto de ataques reacionários que avançam contra os trabalhadores e a juventude ainda mais incisivamente a partir do golpe institucional efetivado pelo nosso Senado no último dia 31 de agosto. Esse projeto de lei, infelizmente, é só mais um dentre tantos que já se implementaram ou que os golpistas não querem tardar em implementar.
Também ressaltaram que a falta de criticidade no processo de ensino-aprendizagem e na escolha do currículo é uma constante no cotidiano da educação pública, algo que esse projeto de lei e a retirada de importantes debates (como o de gênero e sexualidade) dos planos de educação só agravam.
Não há neutralidade nem na produção dos conhecimentos, nem na transmissão destes. A ciência, a escola e qualquer instituição não é neutra. O currículo é fruto de escolhas políticas, um recorte ideológico e conscientemente feito dentre todo vasto conhecimento produzido e acumulado pela história da humanidade. Nesse sentido, o PL Escola sem Partido, toma partido: o lado da ideologia hegemônica e da manutenção das coisas como são; burguesa, racista, machista e LGBTfóbica.
O Deputado Izalci (PSDB/DF) apresentou, em março de 2015, o Projeto de Lei nº 867/2015, que inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional o "Programa Escola sem Partido", redigido pelo advogado Miguel Nagib. Mas a polêmica entorno do PL ganhou maior dimensão quando o deputado federal Rogério Marinho, também do PSDB, propôs para votação na Câmara.
Para os diretores do CAPPF, esse projeto trata-se de uma das respostas, pela direita, aos questionamentos sociais abertos em junho de 2013, essencialmente pela juventude, a mesma juventude que em 2015 e 2016 ocupou as escolas básicas em vários estados do Brasil.
As mobilizações de 2013 que a princípio questionaram a tarifa, logo em seguida se aprofundaram ao questionamento da precariedade da saúde, educação e até sistema político representativo. O movimento secundarista que se colocou contra o fechamento das escolas e o roubo das merendas, rapidamente percebeu as limitações de seus currículos escolares e o projeto de educação vigente.
Por caricaturar o debate de gênero e sexualidade nas escolas como “ideologia de gênero” e perpetuar a falta de criticidade presente nos currículos e prática docentes, esse projeto se coloca contra o movimento LGBT, de mulheres e identitários que se alça junto às recentes mobilizações, seja em ações que levantaram suas demandas específicas, seja por serem a linha de frente dos processos de luta da juventude dos últimos anos.
Por tudo isso, é essencial que a maior faculdade de educação da América Latina discuta esse tema e fomente o debate e a organização de todos os profissionais da educação e estudantes para se colocarem contra a “Escola sem Partido”.