Para Antunes o processo político se caracteriza como “golpe parlamentar com ressonâncias institucionais”, diferente dos golpes militares que vivemos na América Latina, configura um rearranjo parlamentar para trocar governos que não servem mais para as classes dominantes.
Para o intelectual que se manteve sempre critico aos governos do PT e o caracteriza como “um grande projeto de conciliação de classes” que teve seu fôlego enquanto a economia permitiu e que apesar de ter representado durante algum tempo interesses de parte da população, hoje demonstra sua falência, “este projeto ruiu”.
Este projeto de conciliação de classes alimentou em sua base os principais articuladores do golpe, como o próprio Michel Temer e segundo Antunes toda a montagem elaborada para destituir uma presidente que não cometeu crime se deu porque o PT se tornou “um governo que não interessa mais as classes dominantes, elas querem agora um governo terceirizado, um governo delas.”.
Perguntado sobre as consequências desde golpe para os trabalhadores e o conjunto da população, o pesquisador demonstrou que o plano das classes dominantes é destruir todos os direitos conquistados pela classe trabalhadora, pelos movimentos sociais, pelos sindicatos ao longo das últimas quarenta décadas, e mais, destruir a CLT, mais de 70 anos de destruição. “Estamos frente a uma demolição dos direitos da classe trabalhadora.”
Os pilares do “governo da destruição de Temer” são, segundo Antunes: a flexibilização total, através da terceirização completa, um verdadeiro retorno da escravidão moderna nas relações de trabalho no Brasil que avançam através da PLC302015, antigo PL4330; a lógica do negociado sobre o legislado e a privatização total, que se trata de entregar ao empresariado todos os setores da economia estatais que estão passiveis de lucro, como as próprias Universidades e o trabalho do professor.
O professor ainda falou sobre como a luta das mulheres, negros e LGBTs incomodam essa elite ultraconservadora e que só através da luta social e de “reordenar as esquerdas sociais, políticas e partidárias é possível impedir esse desastre contra a classe trabalhadora.”
Assista à entrevista completa sobre o “momento mais difícil da história política brasileira desde o fim da luta contra a ditadura militar” pelas palavras de Ricardo Antunes.