Em Compostela, a 11 de janeiro de 2018, a Associaçom José Afonso - Galiza inicia a sua trajectória para dar a conhecer o labor deste artista que contribuiu a popularizar reivindicaçons políticas e sociais com a sua música e acadou sona mundial con mensagens que transcendem a fronteira do tempo.
Esta associaçom, conformada como um núcleo da AJA-Portugal, tem previsto um completo programa de actividades para o sábado 27 de Janeiro em Santiago de Compostela que inclui umha palestra, umha exposiçom e um concerto homenagem onde actuarám artistas com ligaçom para o Zeca Afonso.
O Zeca Afonso teceu umha forte relaçom com a Galiza. Nom só nos seus concertos no nosso país e nas amizades que cultivou, como também na comprensom do facto popular e nacional da Galiza. Foi ele quem disse para os seus compatriotas «a Galiza nom fica no Minho!»
O reconhecimento da situaçom política nom foi o único que levou da Galiza José Afonso, que estendeu as raízes musicais populares na base dos seus trabalhos musicais em Portugal.
Diz a memória colectiva que foi num concerto multitudinário em 10 de Maio de 1972 no Burgo das Naçons, em Santiago de Compostela, quando se interpretou pola primeira vez Grândola, vila morena, a cançom que o MFA usou, improvisadamente, como sinal para confirmar a sua Revoluçom em Abril de 1974.
Nem a presom da ditadura de Salazar em Portugal contra um dos seus cantores mais populares, com a polícia política a proibir concertos e recitais e mesmo a deter o músico em diversas ocasions, nem a equivalente pressom do fascismo espanhol contra a música de protesta galega, com resultados semelhantes, pudêrom impedir que a música de intervençom se reconhecese polo mundo adiante.
Em 1977 celebrou-se o Festival dos Povos Ibéricos na Corunha, organizado entre outros por Xico de Carinho, com a participaçom do Zeca Afonso, aonde volveu em 1984. En 1981, José Afonso cantou no Auditorio de Castrelos de Vigo, onde quatro anos despois, Benedito e outros músicos organizárom a maior homenagem à figura do seu amigo: em 31 de agosto de 1985, 20.000 persoas ocupárom de novo aquele auditório durante mais de 12 horas continuadas para acompanhar dezenas de músicos, poetas e escritoras, num tributo a um Zeca gravemente enfermo.
A morte de José Afonso em 1987 tampouco derrubou as pontes sobre o Minho, pois as homenagens ao Zeca continuárom. Agora, as actividades da AJA-Galiza contribuirám à herdança dessa universalidade que o Zeca sementou.