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Diário Liberdade
Sexta, 06 Janeiro 2017 16:06 Última modificação em Segunda, 09 Janeiro 2017 18:37

A palavra nos EUA hoje é... "impeachment"

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País: Estados Unidos / Institucional, Batalha de ideias / Fonte: Global Resarch

[Prof. Michel Chossudovsky (excerto); Tradução do Coletivo Vila Vudu] A agenda de política externa de Trump já foi alvo de "golpes sujos" desencadeados pela facção Clinton. Mas o novo governo eleito também tem apoiadores empresariais poderosos que com certeza responderiam – e estão respondendo – aos movimentos dos neoconservadores, inclusive apoiadores que operam na comunidade de inteligência. Interessante observar que Trump também tem apoiadores no lobby pró-Israel e dentro dos setores da inteligência israelense. Em dezembro, o chefe do Mossad reuniu-se com a equipe de Trump em Washington.

Cronograma do projeto de desestabilização

Desde o início, já antes das eleições de 8 de novembro, o projeto para tumultuar e desestabilizar o governo Trump estava formado de vários processos coordenados e inter-relacionados, alguns dos quais continuam em andamento, e outros que já foram completados (ou deixaram de ser relevantes):

  • a campanha de difamação pelos veículos da mídia-empresa contra Trump, que avançou para novo patamar de violência depois das eleições de 8/11 (em andamento);

  • o movimento de protesto anti-Trump insuflado em todo o país, coordenado com a ação pelos veículos de mídia-empresa de massa, abaixo-assinados, todos com o objetivo de impedir a posse (em andamento);

  • recontagem de votos em três estados oscilantes (deixou de ser relevante):

  • aprovação do Projeto de Lei da Câmara de Representantes n. 6.393: Lei de Autorização da Inteligência para o ano fiscal de 2017, que inclui uma seção contra a chamada "mídia independente pró-Moscou", como 'resposta à suposta interferência de Moscou nas eleições norte-americanas em apoio a Donald Trump;

  • votação no Colégio Eleitoral dia 19/12 (deixou de ser relevante);

  • petição lançada pela senadora (Califórnia) Barbara Boxers pela página Change.org encadeada à votação no Colégio Eleitoral (deixou de ser relevante);

  • a campanha "Disrupt" [Bloqueie, Invada, Interrompa] para interromper a Cerimônia de Posse do Presidente Eleito, a ter lugar dia 20/1/2017; e

já está em estudos a possibilidade de se lançar o procedimento de impeachment contra o presidente eleito, se chegar a tomar posse, logo no primeiro ano de governo.

A palavra-de-trabalho da campanha é "Disrupt". O objetivo é bloquear, impedir [ing. "Disrupt"]

Por sua vez, a página  Disruptj20.org  está convocando para interromper a cerimônia de posse de Donald Trump dia 20/1/ 2017:

 #DisruptJ20 conta com o apoio do Comitê de Boas-vindas Disrupt Corps de Washington (DC), um coletivo de ativistas locais LGBT muito experientes, que recebem financiamento nacional. Estamos trabalhando para preparar a infraestrutura necessária a muitos protestos de massa para impedir que aconteça a cerimônia de posse de Donald Trump, planejando amplas intervenções de ação direta para alcançar nosso objetivo. Oferecemos serviços de hospedagem, alimentação e toda a assistência de advogados a todos que se unam a nós.

O que pode acontecer?

[Tuíto Michael Moore e 'Campanha' para impedir posse de Trump]

A campanha de propaganda associada aos demais componentes da operação (movimento de protesto, petições anti-Trump etc.) são usados como meios para desacreditar um presidente eleito.

Esse tipo de campanha de propaganda pelos veículos da mídia-empresa contra presidente eleito ainda não empossado é sem precedentes na história dos EUA.

Por mais que os meios de comunicação de massa critiquem rotineiramente qualquer político em cargo de poder, inclusive o presidente, no caso atual a narrativa dos veículos de massa é fundamentalmente diferente. O presidente eleito ainda não empossado é alvo de campanha organizada de difamação, que não cederá nem depois da posse de Trump à Casa Branca, se acontecer.

Assim também, há campanha organizada e coordenada para a eclosão de movimentos de protesto contra Trump, já em curso desde 8/11/2016. Na verdade, começou na noite de 8/11, antes de os resultados da eleição serem anunciados. Os protestos tiveram todas as características de uma operação de tipo "revolução colorida".

Os veículos das empresas de mídia também contribuíram, com cobertura sistematicamente distorcida dos movimentos 'espontâneos' de 'protesto'. Organizadores, recrutadores e divulgadores trabalham para poderosos grupos empresariais de lobby, entre os quais há empresas fornecedoras da Defesa. Não trabalham a favor de interesses do povo dos EUA.

É improvável que essas várias iniciativas, inclusive a campanha "Interrompa" venham a ter qualquer efeito contra a posse de Trump. Mas nossas análises sugerem que o presidente eleito chegará à Casa Branca premido numa aura de controvérsia.

Palavra "de trabalho" para jornalistas e veículos é Impeachment

A campanha de propaganda continuará depois da posse de Trump, e incorporará acusações de "traição". O impeachment contra Donald Trump já aparecera no 'noticiário' antes de ele ter sido eleito. Nas palavras do Huffington Post (1/1/2017):

"Só há um meio constitucional para remover um presidente, e é o impeachment.

Para tanto, é preciso que se instale uma Comissão Congressual de Inquérito no interesse dos cidadãos, com vistas ao impeachment do eleito, que deve começar no primeiro dia de Trump na Casa Branca.

Essa investigação deve manter um dossiê atualizado e incorporar novos informes pelo menos semanalmente, a serem apresentados à Comissão Judiciária da Câmara de Representantes. Provas não faltarão" (ing. There will be no lack of evidence. Impressionante futurologia 'jornalística!" [NTs])

Change.org , que organiza o movimento de protesto já lançou uma petição contra Trump ["Impeach Donald Trump"].

O povo dos EUA é a vítima sempre ignorada: falta um VERDADEIRO movimento de massas

O povo dos EUA é a vítima sempre ignorada, à qual não se assegura a palavra e que ninguém representa ou defende, colhida no fogo cruzado de duas facções capitalistas com interesses divergentes. As duas facções servem a interesses exclusivos das elites, em detrimento do eleitorado nos EUA.

Por outro lado, a oposição real, significativa, de raiz que não quer Trump na presidência e rejeita a agenda racista, de direita, por "sequestrada" e calada por um movimento de 'protesto' dirigido, financiado e controlado por poderosos interesses econômicos – e que preserva o que há de mais reacionário na agenda de Trump.

Organizadores desse movimento em curso operam a favor de poderosos interesses da elite. O povo é enganado e manobrado;

O que falta aos EUA para os próximos meses são "movimentos sociais reais contra o novo governo Trump que considere questões sociais e econômicas amplas, direitos civis, saúde pública, criação de empregos, questões ambientais, política exterior e as guerras que os EUA disseminam pelo mundo, gastos da Defesa, imigrantes, etc.

Movimentos de base independentes devem pois separar-se ativamente dos protestos manipulados apoiados e financiados (diretamente ou indiretamente) por interesses empresariais. Não é tarefa fácil. Financiar e "fabricar o dissenso", a manipulação escancarada dos movimentos sociais estão hoje fundamente enraizadas nos EUA.

Por ironia, o neoliberalismo financia ativismo dirigido contra o neoliberalismo. "Fabricar o dissenso" é caracterizado por ambiente de manipulação, pelo processo de chantagear para cooptar por meios mais ou menos sutis alguns elementos também nas organizações progressistas, inclusive nas coalizões antiguerras e nos movimentos antiglobalização. "A cooptação não se limita a comprar favores de políticos. As elites econômicas – que controlam as grandes fundações – também supervisionam o financiamento de incontáveis ONGs e organizações da sociedade civil, que historicamente sempre participaram do movimento de protesto contra a ordem econômica e social estabelecida" (Michel Chossudovsky, Global Research, 20/9/2010).

EUA encaminham-se para uma crise constitucional profunda

No atual estágio, é difícil prever o que acontecerá num governo Trump. O que parece muitíssimo claro contudo é que os EUA encaminham-se para crise política profunda, com ramificações sociais, econômicas e geopolíticas também profundas.

O país estará caminhando (em algum momento futuro) para adotar lei marcial e suspender o governo constitucional?

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