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Diário Liberdade
Terça, 17 Janeiro 2017 17:06 Última modificação em Quinta, 19 Janeiro 2017 21:43

"Não acontecerá aqui" – Revolução Colorida à força

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País: Estados Unidos / Reportagens, Batalha de ideias / Fonte: Moon of Alabama

[Tradução do Coletivo Vila Vudu] A estratégia do "Donald Trump ama a Rússia" e "Rússia é do mal" foi propagandeada pela campanha eleitoral de Clinton. Cresceu sempre, desde o constante incitamento dos EUA contra Rússia depois que o golpe dos EUA na Ucrânia fracassou parcialmente e depois que a Rússia postou-se ao lado do governo de Assad na Síria. Hillary Clinton como secretária de Estado foi a principal força que moveu adiante a campanha anti-Rússia. Quando Clinton foi derrotada por Trump o tema foi mantido, então já conectando Trump e a Rússia, e ativado por alguns setores da comunidade de inteligência dos EUA.

O Department of Homeland Security (DHS) [Departamento de Segurança Nacional] e o FBI publicaram um relatório de propaganda 'denunciando' o que seria nefanda ciberatividade dos russos durante a eleição, sem apresentar prova de coisa alguma. O relatório apareceu junto com a expulsão de 35 diplomatas russos pelo governo Obama. Na sequência, o DHS plantou no Washington Post uma falsa história de uma ciberinvasão russa numa instalação em Vermont.

O Diretor da Inteligência Nacional, Clapper, deu andamento à história com um 'relatório' de suposta interferência dos russos nas eleições. Até Masha Gessen, putinófoba empenhadíssima, considerou a coisa peça de propaganda de má qualidade. O DIN então ajudou a publicar um "relatório" do MI6 " de 'agentes' inventados, todos 'comprovando' a influência dos russos sobre Trump. E em movimento sem precedentes em termos de escalada bélica, o Pentágono manda uma brigada completa e outros agentes para a fronteira da Rússia.

Agora, o diretor da CIA 'manda' o presidente eleito "segurar a língua". Alguém algum dia ouvir falar de precedente, de um desses paus mandados da "inteligência" ameaçar nesse tom o presidente eleito, três dias antes da posse?

Tudo considerado, trata-se de atenta campanha de propaganda para reforçar o esquema que La Clinton e seus capatazes vêm promovendo já há bastante tempo: a Rússia é do mal e representa perigo. Trump é aliado da Rússia. É preciso fazer alguma coisa contra Trump, mas, mais importante, contra a Rússia.

Propaganda funciona. A campanha está obtendo alguns efeitos:

Os norte-americanos estão mais concentrados do que antes de a campanha presidencial começar, atentos à ameaça potencial que a Rússia representaria contra o país, segundo pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na 6ª-feira. A pesquisa, que entrevistou gente entre 9-12/1, registrou que 82% dos norte-americanos adultos (84% Democratas, 82% Republicanos) descreveram a Rússia como uma "ameaça" em geral aos EUA. É mais gente que os 76% em março, quando foram propostas as mesmas perguntas.

Campanhas assim caras e amplas não acontecem por acaso. Elas têm objetivos e alvos maiores.

Originalmente, a campanha foi dirigida só contra a Rússia com o objetivo aparente de reacender uma guerra fria (muitíssimo lucrativa). Vista com algum distanciamento, a campanha agora já tem todos os sinais típicos de preparação para uma típica revolução colorida induzida pela CIA:

Em muitos casos, não em todos, massivos protestos de rua depois de eleições muito disputados, ou 'convocação' para 'eleições justas', levaram à renúncia ou a derrubada de governantes que seus inimigos e a oposição haviam definido como autoritários.

Ainda faltam nos EUA as manifestações de rua e tumultos violentos entre a população civil.

Diferente das revoluções coloridas que a CIA disparou na Geórgia (2003), na Ucrânia (2004) e em outros pontos, as mais recentes "revoluções coloridas" instigadas pelos EUA (tentativas de golpes de estado putschistas) sempre vieram acompanhadas do uso de força pelos "manifestantes pacíficos". Revoluções coloridas desse tipo, com uso de força armada foram instigadas na Líbia, na Síria e na Ucrânia.

Um denominador comum de todas elas são os primeiros ataques armados que partem do "lado do bem", contra o "lado do mal", ao mesmo tempo em que a propaganda repete que "o lado do mal" teria começado o tiroteio e a violência. O "lado do bem" sempre estava "em manifestação pacífica", até quando morrem soldados e policiais "do mal".

Foi o que aconteceu na Líbia, onde os EUA e seus procuradores do Golfo usaram jihadistas de Benghazi aliados da al-Qaeda como "manifestantes pacíficos" contra o governo; na Síria a Fraternidade Muçulmana apoiada por OTAN e pelo Golfo matou policiais e soldados nas "manifestações pacíficas" em Deraa; e na Ucrânia atiradores fascistas adestrados, do alto do telhado de um hotel controlado pela oposição' mataram manifestantes e policiais. Três eventos ocorridos quando Hillary Clinton era secretária de Estado.

Houve avisos sobre revolução colorida em marcha nos EUA, vindos de diferentes grupos extremistas em todo o espectro político. Antes da eleição, o neoconservador Jackson Diehl clamava que "Putin" estava preparando uma revolução colorida contra a presidenta eleita Clinton, para entregar o trono a Donald Trump. Com a vitória justa e acachapante de Trump sobre Clinton, aquele enredo deixou de fazer sentido. Depois da eleição Wayne Madsen, sempre promotor de conspirações, imediatamente "descobriu" que Clinton e George Soros estavam lançando uma revolução colorida contra Trump.

O que não falta nos EUA são lunáticos dispostos a atirar contra multidões. Nas atuais circunstâncias, ninguém precisa de furiosas teorias de conspiração ou de enredos nefandos para considerar algumas questões do tipo "e se...?"

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