O que se sabe ao certo é que não houve revitalização do marxismo nem derrube do capitalismo, e sim um apagamento do papel d@s comunistas, que praticamente desapareceram como expressão política. Em nenhum país, dominante ou dominado, se consolidou uma consciência comunista no seio do proletariado capaz de o apoiar na conquista da sua emancipação com vista ao derrube do capitalismo. O reformismo continua a dominar largamente as massas trabalhadoras.
Esse é o problema central dos nossos dias. Sem o resolver, poderá haver muita luta e agitação, mas nenhuma revolução proletária. A manter-se este estado de coisas, o sistema capitalista irá agonizando, impelindo milhões de seres humanos para a barbárie, sem haver quem o derrube.
Foi quebrada a linha de continuidade entre o marxismo/a revolução bolchevique de 1917 e a actual prática dita comunista. Esta tornou-se uma manta de retalhos em que se acolhem todos os desvios e falsas inovações. Criaram-se ao longo do tempo diversas correntes que se dizem comunistas, todas elas dominadas por objectivos que perderam totalmente de vista a revolução proletária.
Assim, do ponto de vista estratégico, a tarefa principal que hoje se põe às/aos herdeir@s das tradições comunistas é dar respostas convincentes para os fracassos revolucionários; explicar por que razão os regimes saídos das insurreições vitoriosas na Rússia e China degeneraram na dominação de uma nova casta que exerceu a sua ditadura em nome do socialismo, para acabar rendida ao capitalismo. Quais os limites materiais e subjectivos que determinaram estas derrotas?
A busca dessas respostas impõe a retomada e o desenvolvimento do marxismo, da teoria científica do proletariado, aplicando-a concretamente à conjuntura atual. Essa tarefa só será possível com a participação ativa d@s comunistas na luta da classe operária e do conjunto do povo trabalhador. No momento atual de amplo domínio do reformismo e do revisionismo e, portanto, da linha de colaboração de classes (subordinação do proletariado à burguesia) nas lutas operárias e nas ditas “organizações de esquerda”, nada nos parece mais importante que retomar o princípio da independência da organização política do proletariado (a reconstrução de seu Partido) e da hegemonia da classe operária na luta das classes dominadas.
As ideias comunistas encontram na luta de classes, na teoria e na prática, matéria para se desenvolver. Com base neste princípio, procuramos identificar as ideias comuns e superar as divergências entre nós pelo debate permanente, procurando assim dar resposta aos problemas colocados.
Queremos que este debate se torne público, na bela tradição leninista da polémica aberta, fraterna e acessível a tod@s. A luta de ideias não é secreta e restrita, antes deve beneficiar da opinião e participação daqueles e daquelas que têm algo de novo e útil a carrear para o esclarecimento geral.
A reorganização do proletariado como força revolucionária necessita de um programa comunista que, nas actuais circunstâncias, só poderá nascer da luta contra o reformismo e o revisionismo, que reponha a pureza dos princípios e os métodos de luta preconizados pela tradição de Marx e Lenine. Em última análise, um novo programa comunista capaz de unificar @s operári@s e explorad@s de todo o mundo, apoiando-os na luta pelo derrube final do capitalismo.
Janeiro de 2017,
centenário da Revolução de Outubro