Estavam ali para ver um super-herói negro. Não sei o que passou na cabeça daquela gente depois de ver o filme, mas deve ter sido decepção.
Pantera Negra não é um filme que representa a luta do negro. Ao contrário: é um filme que mostra que o negro tem de baixar a cabeça, sem lutar por seus direitos, e contar que, algum dia, venha alguém tão benevolente quanto o Pantera Negra para ajudá-lo.
Mas, comecemos pelo próprio filme. Apesar dos efeitos especiais e das cenas de ação bem trabalhadas, a história é uma xaropada. Parece luta-livre. O mocinho apanha no começo para bater no final. Os espectadores sabem que é isso o que vai acontecer no próprio momento em que a luta começa. É o chavão mais manjado do cinema.
E o vilão que bate no mocinho é um negro que quer usar a tecnologia de Wakanda – um reino superdesenvolvido na África – em favor da luta dos negros do mundo inteiro contra a opressão. Mas o mocinho, o Pantera Negra, é contra. Wakanda tem de ficar oculta do mundo, defender as suas fronteiras e não partir para uma luta, que, segundo ele, faria de Wakanda um império.
Mas quando o “vilão” toma o poder e começa a pôr em marcha seu plano de emancipação, o Pantera Negra volta e, com ajuda da CIA (norte-americana – só para enfatizar) põe abaixo os planos do vilão.
E, ao final, para se redimir, o Pantera Negra construirá uma entidade filantrópica para ajudar os negros. Afinal, a única solução para os negros oprimidos é esta: contar com a benevolência dos ricos e verdadeiros donos do poder para ajudá-los caridosamente.
Rascunho automático 67
A mensagem do filme é clara. Chega dessa história de querer tomar o poder, lutar por direitos. Isso é coisa de gente do mal. O negócio é viver da esmola dos ricos e das migalhas de seus banquetes.