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Diário Liberdade
Domingo, 03 Junho 2018 14:03 Última modificação em Quarta, 06 Junho 2018 21:19

"Soberanos" frente a Bruxelas, não a Washington

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País: Itália / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Il Manifesto

[Manlio Dinucci] Steve Bannon – ex-estrategista de Donald Trump, teórico do nacional-populismo – falou do entusiasmado apoio que dá à aliança [na Itália] Movimento 5 stelle [5 estrelas] para um "governo da mudança". Numa entrevista, (Sky TG24, 26 de maio) disse que "A questão fundamental na Itália em março foi a questão da soberania. O resultado das eleições mostrou que os italianos desejam retomar a própria soberania, o controle sobre o próprio país. Basta dessas regras que vêm de Bruxelas". Mas Bannon não disse "Basta dessas regras que vêm Washington".

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A Itália não está pressionada, nas suas escolhas políticas, apenas pela União Europeia, dominada pelos poderosos círculos econômicos e financeiros, sobretudo alemães e franceses, que resistem a quebrar 'regras' que servem aos seus próprios interesses. A Itália está também sob forte pressão, menos evidente, mas não menos invasiva, dos EUA, que resistem contra qualquer ruptura nas 'regras' que subordinam a Itália aos interesses econômicos e estratégicos dos EUA. É parte das políticas que Washington adotou em relação à Europa, que já atravessaram vários governos, com diferentes métodos, sempre em busca do mesmo objetivo: manter a Europa sob a influência dos EUA.

O instrumento fundamental dessa estratégia é a OTAN. O Tratado de Maastricht determina, no artigo 42, que "a União respeita as obrigações de alguns estados-membros, que consideram que a defesa comum deles próprios faz-se por intermédio da OTAN". E o protocolo n.10 sobre a cooperação estipula que a OTAN "permanece como fundamento da defesa" da União Europeia.

Hoje, 21 dos 27 países da União Europeia, com cerca de 90% da população da União, fazem parte da OTAN, cujas 'regras' permitem que os EUA mantenham, desde 1949, o cargo de comando supremo aliado na Europa, e todos os demais comandos chaves; aquelas 'regras' permitem que os EUA determinem as escolhas políticas e estratégicas da Aliança, decididas por baixo da mesa, sobretudo com Alemanha, França e Grã-Bretanha, fazendo-as aprovar em seguida pelo Conselho do Atlântico Norte, no qual, segundo as 'regras' da OTAN, não há voto nem decisão por maioria, mas onde todas as decisões são sempre tomadas por unanimidade.

A entrada na OTAN dos países do Leste – que foram membros do Pacto de Varsóvia, da Federação Iugoslava e até da URSS – permitiu aos EUA conectar esses países – que hoje se somam a Ucrânia e Geórgia que já fazem parte da OTAN –, mais a Washington que a Bruxelas. Assim Washington conseguiu empurrar a Europa para uma nova guerra fria, fazendo da Europa a linha de frente de um enfrentamento cada dia mais perigoso com a Rússia. E enfrentamento que se faz a serviço dos interesses políticos, econômicos e estratégicos dos EUA.

É emblemático o fato de que, exatamente durante a semana em que na Europa debatia-se asperamente a "questão italiana", desembarcou em Anvers (Bélgica), sem provocar qualquer reação significativa, a 1ª Brigada blindada da 1ª Divisão norte-americana de Cavalaria, vinda de Fort Hood, no Texas. Desembarcaram 3 mil soldados, com 87 carros de assalto Abrams M-1, 125 veículos de combate Bradley, 18 canhões Paladin de autopropulsão, 976 veículos militares e outros equipamentos que serão distribuídos pelas cinco bases na Polônia e de lá enviados para as fronteiras do território russo.

Assim se continua a "aprimorar a rapidez e a letalidade das forças dos EUA na Europa", o que já consumiu, a partir de 2015, 16,5 bilhões de dólares. Exatamente enquanto desembarcavam na Europa os carros de assalto enviados por Washington, Steve Bannon incitava os europeus a "retomar a própria soberania", frente a Bruxelas.

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