Não será esta a ocasião para fazer o balanço da sua admirável obra e intervenção. Bastará, de momento, registar a imponente capacidade de recolher informação e de lhe atribuir significado e sentido, a certeira e inteligentíssima veia polémica, a implacável denúncia das múltiplas frentes de pressão por parte da ideologia e da historiografia dominante.
Grande amigo de odiario.info aqui publicou numerosos artigos, e foi participante activo no Encontro de Serpa de 2010. A edição portuguesa do seu livro “Fuga da História?” pela Cooperativa Cultural Alentejana teve o apoio de odiario.info. É desse livro que extraímos este pequeno trecho:
«Examinemos a história do colonialismo e do imperialismo: o Ocidente apagou os índios da face da terra e escravizou os negros; a uma sorte análoga submeteu outros povos coloniais, mas isso não impediu o Ocidente de apresentar a sua expansão como marcha da liberdade e da civilização enquanto tal. E esta visão acabou às vezes por conquistar e condicionar poderosamente as próprias vítimas que, na esperança de serem cooptados para o seio da “civilização”, interiorizaram a sua derrota, apagando a sua própria memória histórica e a sua identidade cultural. Hoje assistimos a uma espécie de colonização da consciência histórica dos comunistas. O que aqui utilizamos é mais do que uma simples metáfora. Historicamente o movimento comunista chegou ao poder em países coloniais ou pelo menos à margem do Ocidente. Por outro lado, com o triunfo da globalização e da pax americana, do ponto de vista multimediático todo o resto do mundo se tornou uma província e uma colónia, pelo menos potencial, em relação ao centro do império que, de Washington, pode atacar e ataca diariamente todos os pontos do globo com uma concertada potência de fogo multimédia. É difícil resistir a tudo isto, mas sem esta resistência não se é comunista.»
Os Editores do Diário.info