Por volta das 35 pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas neste sábado (25/06) no ataque do grupo yihadista Al Shabaab contra um hotel na capital da Somália, Mogadíscio, frequentado por políticos do país.
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A explosão de um carro-bomba junto ao hotel Naso-Hablod destruiu a entrada do edifício e foi seguido de rajadas indiscriminadas com fuzis de assalto por parte de um comando. O grupo resistiu no interior várias horas com numerosos reféns, até que forças do governo mataram os yihadistas.
Al Shabaab, grupo que dirige ataques constantes contra as instituições e objetivos turísticos, reivindicou este ataque, tal como outros parecidos contra vários hotéis e restaurantes da capital neste ano. De fato, este é o segundo contra um hotel de Mogadíscio neste mês, após o que fez 11 mortes no dia 1º de junho.
O Al Shabaab é considerado filial do Al Qaeda, defendondo a lei islâmica como constituição para a Somália. Desenvolve uma guerra contra o governo e contra outros aliados, como a Etiópia e a Amisom (Missão da União Africana para a Somália), cujos soldados são quenianos e ugandenses, principalmente.
Os Estados Unidos ocupam há anos o país e desenvolvem operações militares contra Al Shabaab com drones. A fins do mês passado, os meios informaram da morte do líder do movimento em um ataque com drones. Em março, um ataque norte-americano fez 150 mortes, supostamente membros da força armada islamita.
Os brutais ataques e o caos que há anos tomou conta do país passam despercebidos para a grande mídia pró-imperialista. Ninguém espera que seja ativada nenhuma campanha tipo "Je Suis Mogadiscio"...
Colonialismo, caos e colapso
A Somália representa bem os efeitos das políticas coloniais de ocidente na África oriental. Os povos irmãos que ocupavam o território foram divididos em quatro estados e repartidos entre as forças coloniais britânicas, francesas e italianas (1897). Guerras civis, anticoloniais, novas repartições, golpes de estado, neocolonização e mesmo tsunamis sucederam-se ao longo do século XX, antes e depois das independências de cada pedaço (1960). Pobreza extrema e escassos recursos naturais misturam-se com resistência às invasões da vizinha Etiópia, sob patrocínio imperialista.
O governo fantoche enfrenta nos últimos anos a guerra yihadista em um caos "controlado" pelo imperialismo ianque, que mantém presença na região e extrai algum petróleo descoberto na década de 90. Porém, o maior interesse norte-americano é geoestratégico no controle do Oceano Índico por parte da OTAN, na estratégia de controlar o crescimento económico e político dos gigantes indiano e chinês, assim como evitar o desenvolvimento autônomo africano.
Para conhecer melhor a situação e a história somali, recomendamos ler uma extensa entrevista traduzida para a nossa língua por Mayara Melo para o Diário Liberdade no ano 2010, realizada por Grégoire Lalieu e Michel Colon: