O Conselho Militar de Transição foi instaurado após a queda do ex ditador Omar al-Bashir em 11 de abril, depois de quase 30 anos a frente do poder no Sudão. O Partido Comunista Sudanês vem denunciando em seus pronunciamentos oficiais que o conselho instalado não passa de uma “tentativa de abortar a revolução e impor sua autoridade para continuar com as mesmas políticas de al-Bashir” e que o mesmo conselho, possui “apoio do imperialismo e de governos reacionários da região”.
O PC Sudanês compõe a Aliança por Liberdade e Mudança, a qual, junto da Associação dos Profissionais Sudaneses, vem participando das negociações com o Conselho Militar. Ambas organizações vêm alertando para a necessidade de as massas não deixarem as ruas; as grandes manifestações já garantiram que o toque de recolher imposto pelo Conselho Militar, por exemplo, fosse suspenso.
Além da greve geral que está sendo articulada pelos sindicatos e partidos, a União Africana – organização internacional que promove integração entre os países do continente africano – deu 60 dias, a contar do primeiro de maio, para que o Conselho Militar de Transição transfira o poder para os civis, com o risco de expulsão do país da organização.
O Conselho Militar de Transição promete convocar eleições presidenciais livres em dois anos, contudo, a Aliança por Liberdade e Mudança exige que a transição seja feita pelo poder civil.
Grande Marcha e comício de um milhão exigem poder civil já
– Dezenas de milhares de manifestantes encheram as ruas de Cartum, exigindo o fim do regime militar. Entre eles muitos viajaram de todo o país para participar da marcha em defesa do poder civil.
– Pela primeira vez um grupo de juízes, em número superior a cem, em suas vestes negras oficiais, participou da passeata, exigindo o retorno ao governo civil e a um judiciário independente.
– A marcha massiva foi convocada pela Aliança por Liberdade e Mudança, após forçar a renúncia de três figuras controversas do Conselho de Transição Militar (MTC). Uma quarta figura controversa está permanecendo no MTC: o vice-líder Mohamed Hamdan Dagalo, comandante da milícia Janjaweed, acusada de promover genocídio durante a guerra civil em Darfour, que começou em 2003. O quatro generais são conhecidos como firmes defensores do deposto ditador Al Bashir e têm fortes ligações com o movimento Irmandade Muçulmana.
– O Birô Político do Partido Comunista do Sudão divulgou um comunicado, na quinta-feira, 25 de abril, destacando que o MTC está manobrando para permanecer no poder e se recusando a atender a principal demanda do povo: o poder aos representantes da população. Além disso, a declaração exige a imediata formação de um governo civil, prestação de contas e retribuição. os dirigentes comunistas convocaram todos os membros do partido e as forças da oposição a redobrarem seus esforços e aumentarem suas ações conjuntas para derrotar as manobras e conspirações dos inimigos internos, regionais e internacionais da revolução sudanesa.
– Enquanto mais de um milhão de manifestantes ocupavam a praça no QG do exército, várias centenas de manifestantes protestaram em frente à embaixada egípcia contra a intromissão do governo do Egito nos assuntos internos do país. Esta ação teve lugar depois de o Cairo ter organizado uma reunião de alguns dos líderes da União Africana que deram ao MTC três meses para regressar ao poder civil.
– O enorme comício foi organizado pelo grupo guarda-chuva: Aliança por Liberdade e Mudança.
Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista Sudanês
26 de abril de 2019
Fonte: https://www.solidnet.org/article/Sudanese-CP-Million-Strong-March-Demand-Immediate-Civilian-Rule/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro