O que mais me preocupa neste escrutínio não é o que o Trump fará ou deixará de fazer na política doméstica. Preocupa-me sim, a política externa dos Estados Unidos pós-Obama.
No primeiro mandato de Obama, o mundo ficou eufórico, em particular a classe mais pobre, pois acreditavámos todos que o Obama marcaria a diferença. Muitos africanos, inclusive acreditavam que sendo Obama de origem do continente berço da humanidade, iniciaria um ciclo muito mais virado para o desenvolvimento de África. Todos enganamo-nos redundamente, pois Barack Obama (tal como os seus antecessores) colocou o interesse nacional norte-americano em primeiro lugar.
Nos últimos dois meses, assistimos uma luta renhida entre os cidadãos Hillary Clinton e Donald Trump, pela eleição à Presidência dos Estados Unidos da América. Contra todas as expectativas o mundo acompanhou, através de vários canais a vitória do candidato republicano. Os eleitores norte-americanos tinham duas escolhas: medíocre e péssimo.
Medíocre era a candidata democrata, Hillary Clinton, pois apesar da suposta maturidade política, fez parte da administração que que resgatou e trouxe ao mundo o fantasma da guerra fria. Vale lembrar que participou activamente na invasão da Líbia e criação do Estado Islâmico (só para citar alguns exemplos).
O péssimo seria o Donald Trump, um homem sem escrúpulos, que vezes sem conta ameaçou prender os presidentes e líderes africanos, prometeu construir o murro separando o México e os EUA, para além da proibição da entrada de muçulmanos no território norte-americano. Em jeito de demonstração das suas acções belecistas, disse repetidas vezes que sendo os EUA detentores de armas nucleares, deviam usá-las.
Um militante da esquerda não pode, em nenhum momento, contentar-se com a vitória daquele que já é considerado um dos piores candidatos da história dos EUA. Não podemos festejar por seguintes motivos:
- Donald Trump, é um capitalista nato, sistema que oprime e explora o trabalhador;
- Trump vai traçar políticas que defendem a burguesia, no que diz respeito aos impostos, fazendo com que as famílias de baixa renda, paguem mais impostos;
- O plano de saúde, de Barack Obama, que em larga maioria trouxe equilíbrio entre as classes, poderá ser extinto. Aliás, o próprio Trump já se mostrou contra este programa; e
- Durante a campanha eleitoral, Donald Trump, disse que os africanos devem passar a controlar os seus prazeres sexuais, e por isso vai cortar os fundos destinados ao combate a programas de VIH-AIDS ou HIV-SIDA.
Portanto, com a eleição de Trump nenhum comunista deve se alegrar, senão os próprios cidadãos norte-americanos.