Alguns foram ainda mais violentos, como Chris Evans, intérprete do Capitão América, que chama de "tirano" o candidato ao qual 59 milhões de norte-americanos – em eleição rigorosamente legal e legítima – deram seu voto. Quanto a Madonna, convoca a "acender novo fogo"; parece que a mensagem já foi ouvida em Portland, onde vândalos 'moderados' incendiaram carros e lojas.
Alguns, como Robert De Niro, preferiram pôr água no vinho. De Niro, depois de manifestar sua ânsia de esmurrar o Republicano, temperou: "É preciso esperar para ver o que ele fará". Que empáfia!
Aí está. Esses artistas, falsos defensores da tolerância e de "direitos humanos", engajados nas mais diversas causas, todas altamente humanistas, põem-se agora a praticamente pregar a insurreição contra presidente eleito que, contudo, não é o candidato que os 'bons' desejavam eleger.
Surpreendente à primeira vista, esse comportamento é de fato totalmente coerente com o sectarismo que caracteriza o "campo do bem", dito "dos éticos", que coincide em grande medida com o 'meio' artístico e cultural espetaculoso.
Yoko Ono declarou que
"oooaaarrrghhhhh ooooooooaa aarrggghhh blllaaargggh..."
Democracia? Ah, sim, claro, exceto quando não elege quem agrade aos tais 'democratas'. Faz lembrar a famosa petição contra o Brexit assinada por milhares de britânicos (dos quais muitos artistas e "intelectuais") no dia seguinte, depois do referendo. A derrota faz cair a máscara de humanismo e mostra a verdadeira cara dessa gente: antidemocratas, maus perdedores, arrogantes, elitistas sectários e cheios de desprezo por tudo que não seja eles mesmos.
Para ser bem claro: o presidente Trump é fruto desse mesmo meio superficial, onde o que manda são as aparências. Animador de reality shows, ele também tem dinheiro investido em lutas de vale-tudo e na produção de filmes.
E essas figuras do show-biz que hoje querem Trump queimado em praça pública, espancado ou que lhe zurram na cara sempre adoraram alugar os hotéis dele para rodar seus filmes, sempre o mostraram em seus clips vaidosos. Frequentemente o magnata Donald Trump foi exibido como sinônimo de prestígio e sucesso, por esses mesmos artistas que, agora tanto fazem para não lembrar que, há um ano, envaideciam-se de ser convidados para as suas soirées mundanas.
Quanto às regras eleitorais, são hoje exatamente as mesmas pelas quais Barack Obama foi eleito com festas. Muito mais democráticas do que as regras pelas quais Bush Filho foi eleito. Todo o cuidado é pouco, quando começa o espetáculo dos liberais democratas.