Fam-se neste dia 8 de fevereiro sete anos de atividade do Diário Liberdade. O projeto nascia em 2010 com umha vontade de colaborar humildemente na construçom de media popular, neste caso de umha perspetiva internacionalista que ajudasse a compartilhar debates, a conhecermos a realidade da classe trabalhadora nos diferentes países de fala galego-portuguesa, as luitas travadas e, enfim, a sermos mais um contributo ao cenário dos meios populares, tentando fornecer como novidade essa perspetiva internacional. Especificamente em chave galega, origem do novo portal, um dos objetivos claros era inserir de forma prática a Galiza na lusofonia no que diz a respeito da media popular. Os resultados obtidos até hoje confirmam nom apenas que isso foi conseguido, mas que continuamos a aprofundar nessa via. De quatro pessoas na Galiza, o Diário Liberdade conta hoje com umha equipa com presença física no Brasil, Portugal, Moçambique, Angola e os EUA, para além da Galiza natal. Se somarmos as centenas de colaboradoras e colaboradores pontuais ou regulares, a abrangência da rede é enorme.
Isso nom demonstra qualquer capacidade "especial" das pessoas que fam parte do Coletivo Editor, das e dos colaboradores ou dos e das leitoras: é sim a demonstraçom prática contundente da suficiência da Galiza para se autogerir em igualdade com o resto de povos do mundo, quando se liberta do cadeado espanhol. Prova também a força do internacionalismo como parte irrenunciável da estratégia revolucionária, e ainda a capacidade que o compromisso coletivo dos e das trabalhadoras dá para construirmos, mantermos e defendermos as nossas ferramentas para a emancipaçom, neste caso no ámbito da comunicaçom e a análise. Estas deverám servir os interesses da classe trabalhadora, atualmente focados a nível internacional na resistência ao avanço do reacionário e o fascista por todo o mundo (do Estado Islámico a Donald Trump), como consequência da já evidente e acelerada descomposiçom capitalista. Cada país, com as suas específicas circunstáncias, enfrenta diferentes versons disso mesmo.
É ainda útil o Diário Liberdade?
A classe trabalhadora galega sofre umha crise permanente e vê a sua populaçom expulsa ao estrangeiro, enquanto a sua consciência nacional recua aos pés de um Estado espanhol que cada vez renuncia a mais formalidades das que componhem a democria burguesa, especialmente contra os movimentos de libertaçom nacional que anseia destruir. Entretanto, a esquerda nacional está atualmente desorganizada, no melhor dos casos, quando nom cai diretamente na renúncia à formulaçom ideológica ou mesmo no individualismo. No Brasil, o neofascismo tomou já o poder através de um golpe, e apaga com rapidez os avanços conseguidos em condiçons de vida das camadas trabalhadoras nos anos de governo do PT, por baixo do qual nom se soubêrom construir novas fases do programa da emancipaçom social. Todo o campo de esquerda, do mais institucionalista ao mais revolucionário, foi atingido por essa nova realidade que nom soubo prever e que, agora, debate para enfrentar. Em Portugal a direita neoliberal deu passagem a um governo apoiado polo PCP e o Bloco de Esquerda, mas apesar da melhoria continua sem haver perspetiva de respostas revolucionárias, as únicas capazes de responder no meio ou longo prazo a grave situaçom que afeta o país. Angola continua submissa ao capital internacional, e o seu povo na pobreza, com a colaboraçom da família de cleptocratas que comanda o país, enquanto Moçambique está em risco permanente de açons armadas da direita e dependente do empresariado ocidental, como muitas outras naçons africanas, incluídas Cabo Verde ou São Tomé e Principe.
É precisamente por isso que julgamos que o Diário Liberdade mantém toda a sua utilidade, constituindo umha ferramenta que necessária e útil na urgente e necessária recomposiçom da esquerda revolucionária em todos esses países, que deverá seguir-se da formulaçom de propostas atualizadas para substituir um capitalismo que apodrece. Será necessário para contestar a crescente manipulaçom dos meios burgueses, contando com informaçons e análises nom intoxicados que ajudem nesse trabalho de reconstruçom e reformulaçom. Continuará a contestar o cerco contra a informaçom livre que o capital quer perpetrar, sob diferentes e exóticas justificaçons (como a dos 'sites de notícias falsas'). Será preciso para deter o retrocesso e, depois, avançar da construçom nacional galega até a libertaçom real do colonialismo nas naçons africanas. Será útil para denunciar a reivindicar as ideologias e trazer à tona a superficialidade do debate, caraterística da pós-modernidade.
Frente à reaçom, progresso. Frente ao pensamento líquido e superficial, coerência e profundidade no estudo. Frente à manipulaçom, batalha de ideias. Frente à xenofobia, internacionalismo. Frente ao machismo, feminismo. Frente a descomposiçom capitalista, construçom comunista. Frente ao imperialismo, independência. É por isso todo que o Diário Liberdade encetará mais um ano de atividade.
Que figemos no último ano?
Em 2016 e o início de 2017 o Diário Liberdade deu os primeiros passos do que tenciona ser um plano para atingir alguns objetivos que apontou já fai dous anos.
Desenvolveu umha formulaçom estratégica, que atualmente é o guia do seu trabalho, com a visom de comunicar as e os trabalhadores do mundo através de um portal a serviço dos movimentos políticos e populares progressistas, e que inclui na sua meta aumentar o seu foco nas notícias e análise de importáncia internacional e incrementar a sua qualidade.
Contribuindo a isso, a grande novidade foi o lançamento de um novo portal, completamente renovado, e de umha nova imagem. A atualizaçom da plataforma valeu para melhorar a experiência dos e das utentes, sobretodo nos a cada vez mais importantes aparelhos móveis, mas sobretodo para fazer mais leve e automatizar trabalho do Coletivo Editor. Como consequência desse tempo poupado graças às novas ferramentas, o Diário Liberdade conseguiu desenvolver novas atividades: lançou a primeira ediçom de curso online sobre media popular lusófona, atualmente em andamento; realizou umha turnê de debates por volta da obra, editada também em 2016 polo nosso coletivo, 'O Imperialismo, fase superior do capitalismo'; conseguiu estar presente com posto no Festigal; lançou umha intensa campanha para captaçom de ativistas, em que estivêrom envolvidas por volta das cem participantes; editou novo material, como umha coleçom postal comemorativa de diferentes figuras revolucionárias no mundo; conseguiu levar às livrarias do país obras sobre figuras populares como o Apalpador... e, claro, mantivo a sua atividade informativa e aumentou o foco internacional, contando com acompanhamentos ao vivo, notícias e com artigos de análise, alguns dos quais com elevadíssimo impacto, chegando mesmo fora dos círculos habituais da media alternativa.
Os frutos disso já começam a ser visíveis, e a qualidade e o número de visitas ao portal, que permanecera estagnado em 2015, aumenta novamente desde o lançamento do novo site, o qual implica maior visibilidade internacional para as luitas divulgadas. Atualmente, centenares de milhares de pessoas passam polo Diário Liberdade anualmente. Mantemo-nos como um dos meios de referência no mapa da comunicaçom popular no Brasil e em Portugal, enquanto na Galiza somos o único meio do país com impacto internacional.
Isso todo foi possível graças ao apoio e o trabalho das colaboradoras/es, do próprio Coletivo Editor e de amigos e amigas do site. Isso inclui trabalho ativista, elaborando matérias, debatendo e difundindo o Diário Liberdade, e apoio económico, expressado anualmente na nossa campanha de financiamento - que terá umha nova ediçom em breve. Precisamente, no quesito económico o Diário Liberdade depende atualmente das doaçons que, sendo importantes, som ainda insuficientes para manter o portal, de forma que no último ano vimo-nos na obriga de intensificar a publicaçom de espaços publicitários, cujos rendimentos permitem manter em funcionamento esta iniciativa sem fins lucrativos.
Que faremos no próximo ano?
O que fagamos no próximo ano virá determinado, principalmente, pola nossa capacidade, em funçom do apoio com trabalho ativista (o nosso convite, a quem tiver interesse, para a incorporaçom neste mesmo momento) e com suporte económico (existem diferentes formas de apoiar, com a quantidade que puderes, que podes doar também na campanha anual de financiamento que, daqui a pouco, desenvolveremos).
Se as previsons nesses dous pontos forem acertadas, poderemos continuar a melhorar o novo portal, resolvendo incidências técnicas que ainda existem e habilitando novas funcionalidades para as e os utentes. Também teríamos capacidade para continuar a completar o curso de formaçom em media popular, alargando os temas e a profundidade do estudo. Trabalhamos atualmente por volta de novidades editoriais que poderemos anunciar em muito breve. Esperamos poder marcar presença com posto físico em eventos populares relevantes, polo menos na Galiza. E esperamos, também, continuar a avançar na melhoria da qualidade do nosso conteúdo, enquanto mantemos a frequência de publicaçom.
Para já, neste sexto aniversário, anunciamos a recuperaçom da newsletter do Diário Liberdade, cuja qualidade melhoramos nos últimos tempos e que começará a ser enviada já nesta semana. Podes assinar neste link.
Som muitos reptos, excessivos para um coletivo pequeno, mais alcançáveis para um grupo numeroso e comprometido. Por isso, dependemos da adesom popular, como a que agradecemos até hoje, para continuarmos contando com umha ferramenta internacionalista e popular que nos permita travar as luitas que aí venhem.