Mas o fato é que não há qualquer sinal de manobras militares, fechamento de partidos, cassação de mandatos, intervenções em sindicatos.
Outra diferença marcante foi evidenciada pelo recente episódio envolvendo a gravação de Romero Jucá. As especulações sobre a quem interessa sua divulgação são muitas.
É verdade que a gravação incriminadora poderia vir a público antes da votação da admissibilidade do impeachment. Mas por que divulgá-la, agora, quando o julgamento nem se iniciou?
Se a intenção era diminuir ou estancar as investigações da Lava-Jato, o surgimento do grampo obrigou seus responsáveis a negar publicamente essa intenção. O que pode ser fatal para um governo cheio de suspeitos à beira de se tornarem réus.
Tudo isso indica que há sérias divisões na classe dominante. São projetos mesquinhos, mas que não conseguem se compatibilizar nem contam com uma força capaz de fazê-lo, como os militares de 1964.
A comparação com 64, porém, serve para que os petistas alarmem as forças populares e consigam apoio incondicional a seu projeto.
Mas qual projeto? Aquele que começou pela nomeação de Joaquim Levy? O mesmo que seria continuado por Meirelles, substituto de Lula para o lugar de Levy?
A “autocrítica” divulgada pelo PT não ajuda. Insiste em falar em “disciplina fiscal”, por exemplo. E continua achando que é possível controlar um Estado montado para servir à classe dominante.
Ou seja, outra grande questão importante na luta contra o golpe é saber se ela inclui o combate ao PT.