Apesar de alguns de seus seguidores acreditarem nisso, diz o autor, o fato de que:
...o marxismo não ter nada de muito interessante a dizer sobre uísque ou sobre a natureza do inconsciente, sobre a fragrância de uma rosa ou a razão pela qual existe algo em vez de nada existir não o desacredita. Ele não pretendia ser uma filosofia absoluta.
É verdade:
...que se pode tropeçar nas conexões mais improváveis entre a luta de classes e a cultura. O amor sexual é relevante para a base material, já que quase sempre leva à produção daquelas potenciais novas fontes de mão de obra conhecidas como filhos.
Mas o fato de ser uma teoria da ação revolucionária não quer dizer que o marxismo pretenda explicar toda a realidade a partir da manutenção ou não da ordem dominante. Seria incorreto dizer, por exemplo, “que todas as atividades de escolas, jornais, igrejas e do Estado alicercem o sistema social atual”.
Quando denunciam os imigrantes, os jornais estão defendendo interesses dominantes. Quando noticiam acidentes de trânsito, provavelmente não, diz Eagleton. O mesmo vale para escolas, ao ensinar seus alunos a amarrar cadarços.
O marxismo não explica tudo, mas pretende dar combate a tudo o que torna a vida humana injusta e destrói nosso potencial para alcançar a liberdade e a igualdade universais.
Teoria de Tudo, mesmo, é a economia burguesa, para a qual todas as nossas relações se resumem à circulação de mercadorias.