Por isso, a leitura do livro “Mídia antissocial: como o Facebook nos desconecta e enfraquece a democracia”, de Siva Vaidhyanathan, pode ser esclarecedora.
Publicado em 2018 e ainda sem tradução do inglês, a obra começa advertindo que:
...as formas de mídia de entretenimento - e os próprios sistemas de distribuição - distorceram lentamente nossos hábitos mentais e atrofiaram continuamente nossa capacidade e disposição de nos envolvermos uns com os outros como cidadãos responsáveis...
Citando o pesquisador Neil Postman, Vaidhyanathan afirma:
A ascensão e o domínio da televisão na vida cotidiana de bilhões de pessoas na última metade do século XX (...) a transformaram em uma "meta-mídia", uma tecnologia que continha, estruturava, alterava e disponibilizava muitas, se não todas, as formas de mídia anteriores. A televisão tornou-se em 1985 o que o Facebook está prestes a se tornar em 2018: “um instrumento que direciona não apenas nosso conhecimento do mundo, mas também nosso conhecimento sobre formas de conhecimento”.
O autor também lembra Roland Barthes, para quem a televisão era um "mito", no sentido de nos fazer entender que o mundo não é problemático nem totalmente consciente.
Segundo Vaidhyanathan, precisamos reagir “antes que também o Facebook se torne um mito e não possamos imaginar a vida sem ele”.
Mas, para isso, é preciso entender que as grandes corporações das redes virtuais têm uma relação de continuidade com os monopólios de comunicação anteriores. E tudo indica que são ainda piores.