Sem aspirarmos a entrar aqui na questom, podemos concluir esta reflexom em três partes afirmando que nom será mediante a pureza dos processos eleitorais organizados pola classe dominante para legitimar a sua hegemonia, que a classe dominada poderá mudar a forma de reproduçom social em que aquela se sustenta. E nom será mediante a legitimaçom da unidade de mercado chamada Espanha que naçons oprimidas como a nossa consigam afirmar-se como sujeitos políticos de pleno direito.
Um trabalho político entendido em sentido amplo e social deverá criar as condiçons para a construçom de umha contra-hegemonia de classe, que permita a disputa real do poder, tendo em conta que ele nom se encontra nos parlamentos nem nas instituiçons, embora sim se expresse e legitime através deles. Daí que, sem descartar a participaçom e disputa eleitoral, ela deva ficar claramente supeditada a umha estratégia mais ampla que aponte para a transformaçom profunda da forma de reproduçom material da sociedade.
Nem o voluntarismo, nem a sucessom de reformas no interior do sistema poderám conduzir à sua superaçom, apesar de ser necessária umha forte vontade coletiva e a defesa de reformas concretas e limitadas, incorporadas a um programa estratégico de tipo socialista.
Tampouco o puro mimetismo com outros processos costuma servir como estratégia libertadora. Temos suficientes exemplos disso na Galiza. O estudo e conhecimento dos clássicos e doutras experiências revolucionárias nom vai livrar-nos de elaborar e aplicar umha estratégia própria, concreta e ligada às necessidades da Galiza atual.
Pretender reduzir um processo amplo e original como esse só à disputa eleitoral e sob as condiçons impostas polo poder extraparlamentar do grande capital é a expressom de um dos muitos fetiches que caraterizam a alienante sociedade capitalista. Um fetiche que atribui à institucionalidade burguesa o poder mágico de representar toda a sociedade por igual e constituir o único ámbito possível para o exercício da política e da mudança social.
Entretanto, para quem quiger transformar realmente a sociedade, indo além dos marcos restritos tolerados polo capital, é preciso partir do estudo integral e científico da realidade social em que aspira a incidir, começando por destrinçar o caráter fetichista da política como expressom do consenso burguês.
A partir daí, só umha açom política e de construçom nacional que sente as bases para a superaçom do atual sistema nos permitirá avançar, passo a passo, e assumindo que a afirmaçom da Galiza deve fazer parte de umha grande transformaçom mundial expressada em cada luita nacional. No fim de contas, foi essa também a forma histórica em que se articulou a mundializaçom do sistema capitalista que combatemos.
Utópico? Só se for no sentido blochiano: utopia concreta, possibilidade real ligada à práxis.