A força portuguesa a enviar seria composta maioritariamente por militares do Exército e teria dimensão equivalente ao contingente que Portugal retirou do Kosovo em Maio passado. Logo no mês seguinte, o ministro Azeredo Lopes, solícito, apressava-se a afirmar em Bruxelas, na sede da NATO, que há da parte de Portugal “uma disponibilidade total”, admitindo a possibilidade de juntar a “força de reacção rápida e a formação e o treino, em torno dos 170 homens”, a enviar para onde a NATO considerasse necessário.
Actualmente, os EUA, que mantêm mais de 8.000 militares no Afeganistão, preparam-se para enviar mais 3.900 para uma missão dita de combate ao terrorismo. Apesar de Donald Trump ter prometido na campanha eleitoral colocar os EUA em primeiro lugar, afastando-se de guerras em diversas partes do mundo, o Departamento da Defesa, a indústria de armamento e os falcões (republicanos ou democratas) falaram mais alto.
E fala mais alto também o facto de a guerra no Afeganistão estar virtualmente perdida para os EUA, que em 15 anos de morticínios não conseguiram instalar nenhum poder estável e só viram crescer a oposição conduzida pelos Talibã. A estratégia dos EUA, maduramente pensada, passa, certamente, pela tentativa de consolidação de um poder militar subserviente no Afeganistão e, depois, no Paquistão, tendo em vista a imposição de dificuldades à expansão do Irão e da China.
Preparação da opinião pública portuguesa?
Ao divulgar agora a notícia através da Lusa, não estará o governo de António Costa a preparar terreno na opinião pública para mais este frete de Portugal ao imperialismo ocidental, representado particularmente pela NATO e pelos EUA (com George Bush e Obama ou, agora, com Trump)? Sabendo que o PSD e o CDS apoiariam sem pestanejar este frete, será que o PCP e o Bloco de Esquerda aceitam assumir a cumplicidade, ao darem o seu apoio a um governo que indica dispor-se a seguir Donald Trump e a NATO na continuação desta agressão imperialista? E, para além da gravidade da participação ou das cumplicidades com os crimes do imperialismo, sempre repugnantes, é, claramente prioritário que Portugal gaste os escassos meios de que dispõe nas áreas da saúde e da educação, áreas fundamentais às necessidades das classes trabalhadoras e do povo.