O anúncio de Santos vira uma página na história de Angola. A aposentadoria do mandatário, de 74 anos, vinha sendo cogitada há meses, em meio a rumores sobre o seu estado de saúde. Ele, que chegou ao poder em 1979, perde por apenas um mês, para o atual presidente da Guiné Equatorial, Obiang Nguema, o título de decano dos chefes de Estado africanos. O próprio Santos declarou na abertura de uma reunião recente do seu partido: "O Comitê Central do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) aprovou o nome do candidato João Lourenço para as eleições de agosto",
Lourenço, atual ministro da Defesa e considerado moderado, deve substituir o chefe de Estado caso o MPLA vença as próximas eleições. A Constituição de Angola não prevê a realização de eleição presidencial no país, mas exige que o cargo seja ocupado pelo chefe do partido que ganha as legislativas.
O MPLA chegou ao poder em 1975, quando Angola tornou-se independente de Portugal. José Eduardo dos Santos assumiu a presidência do país quatro anos mais tarde, após a morte do líder histórico, Agostinho Neto. Ele tirou Angola da guerra civil (1975-2002), e colocou o país como um dos maiores produtores de petróleo africano, junto com a Nigéria, o que ainda não foi suficiente para resolver crise econômica causada pela queda do preço da commodity e para superar a pobreza que ainda atinge parcela expressiva da população.