Histéricos, os cãezinhos adestrados que trabalham na Rede Globo, maior monopólio de mídia do Brasil, latiam e continuam latindo contra a “ditadura”, o “tirano” e o “terror” comunista da ilha caribenha. Todo o noticiário foi enviesado de tal maneira para esconder qualquer fato positivo – e foram muitos – do sistema socialista cubano e denunciar/mentir descaradamente sobre a falta de liberdade, a violação de direitos humanos, o autoritarismo do governo cubano. Difamações, distorções e manipulações que já estamos acostumados a ver, mas agora foram em dimensões ampliadas.
Na edição de sábado (26) do Jornal Nacional, cerca de 90% do programa foi dedicado à cobertura da morte de Fidel. Em uma matéria sobre a história da Revolução Cubana, o telejornal falava como era a Cuba pré-revolucionária: uma economia em crescimento por causa da presença de companhias estadunidenses, o que levou o país a ser o primeiro na América Latina e o quinto no mundo no número de aparelhos de TV por habitante.
Mas por que a exaltação da ditadura de Fulgencio Batista, da presença de empresas estrangeiras e do tão significativo número de aparelhos de TV? Em contrapartida, após a queda da ditadura e a ascensão dos comunistas no poder, em 1959, foi um desastre para o povo cubano, segundo o discurso da Globo, dos jornais e da classe média reacionária, representantes dos interesses mais escusos da burguesia e do imperialismo.
Colocar a Cuba de antes da Revolução como um exemplo para a Cuba atual e para os outros países como o Brasil não é somente maquiar a história, mas também retroceder as conquistas alcançadas pela luta da classe trabalhadora a um nível suficiente para deixar o cenário do jeito que os abutres gostam.
A exaltação da Cuba pré-revolucionária pelos mais reacionários simpatizantes dos EUA tem um claro motivo: o país era simplesmente o puteiro de Washington na América Latina. Esses investimentos estrangeiros citados pela propaganda midiática não eram feitos para mais nada senão explorar as riquezas e a força de trabalho do povo cubano, desde pelo menos o início do século XX, quando Cuba deixou de ser uma colônia da Espanha e passou extraoficialmente para as mãos dos EUA. Em 1958, havia mais prostitutas registradas do que operários mineiros em Cuba, segundo René Dumont (Cuba. Intento de crítica construtiva, 1965), e 1,5 milhão de pessoas estavam total ou parcialmente desempregadas (NUÑEZ JIMENEZ, A. A Geografia de Cuba, 1959), para uma população de 6,8 milhões.
A miséria do povo cubano, cujos homens estavam condenados a cortar cana para dar o açúcar praticamente de graça às empresas dos EUA e as mulheres a se prostituírem a troco de poucos centavos nos cassinos controlados por mafiosos de Miami, era a realidade de Cuba nos anos 50. Não foi por acaso que houve uma revolução naquele país, porque se tudo estivesse às mil maravilhas como dizem os reacionários protofascistas o povo não sairia às ruas naquele 1º de janeiro de 1959 para saldar os combatentes de Sierra Maestra.
As conquistas alcançadas em poucos anos após o povo se levantar em armas durante a Revolução fizeram com que Cuba deixasse para trás outros países da América Central e do Caribe e desenvolvesse sua sociedade a ponto de proporcionar um sistema de educação até o nível superior gratuito e de qualidade reconhecido mundialmente, onde todos os anos centenas de estudantes de todas as partes do mundo, especialmente da América e da África, vão estudar medicina, por exemplo. A população cubana conquistou o que nenhum país que era como Cuba em 1959 conquistou. Inclusive o Brasil.
O que a Globo, representante maior da burguesia mais reacionária e entreguista, assim como grupos de “ativistas” muito bem pagos pelos EUA e a classe média raivosa, pretende ao denegrir a imagem de Fidel Castro e da Revolução Cubana é isolar Cuba. Trata-se de uma peça dentre muitas na rede de propaganda e desinformação da mídia internacional, aliada incondicional do imperialismo estadunidense.
Mais do que isso: os setores mais reacionários da sociedade brasileira não querem que a classe trabalhadora saiba a verdade sobre o sistema cubano, sobre o socialismo e por isso os caluniam com mentiras grosseiras. Todo o aparato comunicacional é usado em grande parte para esse fim, tanto os grandes veículos como os pequenos blogs e sites da direita mais radical e mentirosa, que espalham boatos estapafúrdios com a intenção de enganar um público carente de informação de qualidade.
Mas a razão de toda essa eterna campanha de demonização é muito simples: a fração da burguesia nacional mais entreguista, que tem a Globo e outros jornais e emissoras como representantes e a classe média como cão de guarda, é uma intermediária dos interesses do capital estrangeiro, dos grandes bancos e multinacionais, dos monopólios imperialistas. Para eles, o Brasil não pode seguir o exemplo de Cuba. O povo brasileiro não pode ter saúde e educação para todos, as crianças que dormem na rua têm que continuar onde estão, emprego garantido nem pensar – deve haver um exército industrial de reserva para alimentar a competição entre os trabalhadores, a fim de que alguém que está empregado trabalhe mais e sem reclamar porque tem muita gente na fila querendo ocupar o seu lugar.
Eles trocam a dignidade do povo brasileiro por um punhado de terras, de lucros e de férias em Miami, assim como faziam em Cuba antes de 1959. Todos eles sabem que estão mentindo sobre Cuba e Fidel Castro. Mas dizer a verdade é muito perigoso para seus interesses antipopulares.
Basta ver o que a direita pró-imperialista quer, e realmente está fazendo: privatizar a universidade pública, acabar com o SUS, entregar de bandeja os recursos naturais como o petróleo.
A direita não quer que o Brasil venha a ser uma nova Cuba. Ela mesma repete essa frase ensandecidamente. Ou melhor, ela quer que o Brasil seja uma Cuba, mas a Cuba de antes da Revolução, a Cuba que era um bordel dos EUA, a Cuba onde os magnatas estrangeiros iam passar suas férias e voltavam com as malas cheias de dinheiro para Miami. O Brasil já é parecido com isso, e as forças entreguistas querem que fique pior: quanto maior a pobreza da maioria, maior a riqueza transferida para a minoria.
Para que fique mais claro ainda:
A mídia brasileira, assim como todos os grandes meios de comunicação ocidentais, é controlada por poucas famílias milionárias que não querem perder os seus privilégios. Essas famílias, que fazem parte da elite brasileira, usam seus meios de comunicação para difamar todos os governos e sistemas que não estejam de acordo com o Capital e com os EUA, porque se o povo brasileiro ficar bem informado e ter conhecimento de que existem governos soberanos que não ficam de joelhos para as grandes potências, e que existem sistemas que acabam com a pobreza, com as desigualdades e com a exploração, o povo vai querer um governo e um sistema assim. E, desse modo, a elite que controla os meios de comunicação, as indústrias, os latifúndios e todas as instâncias do governo, vai perder os seus privilégios, não vai mais poder sonegar impostos, lavar dinheiro e ficar rica com a exploração do povo.
Basta ver se a direita fala um pio sobre as atrocidades cometidas pelos EUA para manter sua hegemonia global, sobre a invasão do Iraque, as bombas atômicas no Japão, o apoio ao apartheid (que Cuba combateu, lutando ao lado de Mandela), os massacres ingleses na Índia de Gandhi, os regimes títeres do imperialismo no Oriente Médio – onde o povo não tem nenhum direito – ou a pobreza causada por séculos de saque das grandes potências imperialistas na África.
Os que discursam contra Cuba são simplesmente mentirosos – e sabem disso. Os que atuam como papagaios reproduzindo esse discurso ou são hipócritas ou são ignorantes. Ou os dois.