Dois dias antes, a direita —alentada por agentes externos— deu um golpe de Estado que instaurou uma ditadura que duraria somente 48 horas. A união cívico-militar com consciência patriótica foi fundamental para derrotar a contrarrevolução.
Aquele plano golpista começou nos primeiros dias de 2002 com sabotagens e uma feroz campanha midiática, onde o desequilíbrio informativo, as falsidades e a manipulação das informações marcaram as pautas da imprensa privada.
Antes da manobra programada para abril, foram convocados dois lockouts: um, por 24 horas, em 2 de dezembro de 2001, contra a aprovação de 49 leis via Habilitante meses antes; e outro, em 9 de abril de 2002.
Ambas as paralisações foram promovidas pelos dirigentes da Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela (Fedecámaras) e da Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV).
Com este contexto, foi convocada uma marcha no dia 11 de abril cujo destino, em teoria, eram os arredores da antiga sede da Petróleos de Venezuela em Chuao. Mas os líderes do golpe contra o Governo Chávez decidiram desviá-la para o Palácio de Miraflores, no centro de Caracas. Já tinham preparada uma emboscada contra seus seguidores.
Funcionários da extinta Polícia Metropolitana e franco-atiradores, localizados de maneira estratégica em alguns edifícios da avenida Baralt, esperariam essa marcha, contra a qual dispararam, e cujas vítimas seriam utilizadas para justificar o golpe.
Dezenove pessoas foram assassinadas, e mais de 100 ficaram feridas. A direita e seus aliados externos não aceitavam perder o poder.
O plano golpista continou com a perseguição de dirigentes do chavismo e do gabinete ministerial. Às 17h30 do dia 12 de abril, Pedro Carmona Estanga, presidente da Fedecámaras, se autojuramenta como "presidente de transição".
Em questão de minutos foram destituídos os deputados e suplentes da Assembleia Nacional, assim como o presidente e demais magistrados do Tribunal Supremo de Justiça, o promotor, o controlador, o defensor do povo, e os membros do Conselho Nacional Eleitoral.
Horas depois o povo saiu às ruas, enquanto integrantes da Força Armada se rebelavam contra os golpistas. Exigiam ver Hugo Chávez. A censura das grandes corporações midiáticas se impôs; no entanto, meios comunitários e alguns medios internacionais se transformaram nos principais aliados para denunciar o sequestro do líder socialista.
Um multidão se dirigiu ao Palácio Presidencial de Miraflores, onde a Guarda de Honra festejava aquela ação. Diante da exigência de ver Chávez e sem um verdadeiro apoio militar, os golpistas se apressaram em sair do lugar no dia 13 de abril, quando Carmona ia empossar seus ministros.
Com a retomada de Miraflores e o povo nas ruas já sabendo que Chávez não havia renunciado, como demonstrou em uma carta escrita e assinada por ele, tomou posse o então vice-presidente da República, Diosdado Cabello, como Presidente provisório. O ato foi realizado às 22h do dia 13 de abril.
É dada a primeira ordem de resgate de Chávez. Três comandos, em helicóptero, partem para buscá-lo em La Orchila, onde os golpistas o haviam levado.
Às 2h50 daquele domingo 14 de abril chega um helicóptero à plataforma de aterrissagem de Miraflores. A celebração do povo e do povo em armas ao redor de Miraflores ressoou no lugar. "Voltou, voltou, voltou, voltou!", gritavam com entusiasmo.
Chávez, com o punho em alto e seu singular sorriso, desce do helicóptero e entra no Palácio. Lágrimas de alegria lhe davam as boas-vindas. Assim uma nova página da história venezuelana foi contruída.
Com a derrota dos golpistas, surgiu a consciência democrática da união cívico-militar que hoje tem permitido a derrota das tentativas do golpe continuado por parte da extrema-direita contra o presidente Nicolás Maduro.