Ameaças, assédio à moradias e sedes diplomáticas; ataques contra familiares de dirigentes socialistas, representantes de instituições do Estado e autoridades diplomáticas no exterior; mensagens em redes sociais, entre outras ações, formam parte do repertório de práticas, que seguem padrões como a imposição do pensamento único pela via da força.
Freddy Guevara, deputado de Vontade Popular — partido político ligado aos mais recentes atos violentos— declarou abertamente durante sessão da Assembleia Nacional (AN) em 17 de maio que a direita planeja um processo de "transição" diante de um hipotético governo dirigido pela oposição. Nesse cenário, trabalhadores e autoridades dos poderes públicos devem se desligar do governo bolivariano porque, segundo ele, "vai custar mais se afundar com (Nicolás) Maduro que colocar-se a serviço do povo".
Esta atuação é amplificada pelos meios de comunicação através de figuras como Patricia Poleo, fugitiva da justiça venezuelana, que disse nos Estados Unidos na semana passada que aqueles que trabalharam na administração pública nos últimos 18 anos devem ser perseguidos porque, segundo ela, "foram cúmplices" e portanto "não se pode perdoar nenhum".
A campanha contra o chavismo também acontece com a viralização de cartas e mensagens de familiares de algumas autoridades públicas como o Defensor do Povo, Tarek William Saab; e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, em que parentes exortam a que atuem contra seus ideais.
O uso da família como via para atacar dirigentes socialistas también inclui ataques diretos. A filha do prefeito de Caracas, Lucía Rodríguez, foi vítima de agressões verbais de Deborah Goldberg —amiga de Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, promotor do plano insurrecional "La Salida" (A Saída) — enquanto caminhava em uma praia de Bondi,em Sidney, na Austrália, no dia 7 de maio.
Além destes ataques, outra estratégia é o uso da imagem de integrantes de Poderes Públicos e personalidades vinculadas à Revolução Bolivariana através do "Muro da Vergonha", criado em abril em Altamira, Caracas, que faz a contagem dos dirigentes chavistas que, segundo setores radicais, devem ser "exterminados".
A ânsia de perseguição não ficou plasmada somente nesse muro. No estado de Mérida, um grupo de opositores incendiou no dia 13 de maio a casa de Román Rodríguez, um artesão que ficou sem lar somente porque colocou em sua porta uma madeira talhada com o rosto do Comandante Hugo Chávez.
Nessse estado no último domingo, um grupo de pessoas encapuzadas também atacou a casa do prefeito do município Obispo Ramos de Lora e dirigente socialista, Moisés Pereira.
O assédio não conhece fronteiras
Os ataques contra militantes da Revolução Bolivariana também foram dirigidos contra sedes diplomáticas da Venezuela. Em Madri,um grupo de venezuelanos residenciados nessa nação cercaram no dia 11 de maio o Centro da Diversidade Cultural da embaixada do país sul-americano, onde integrantes do Comitê de Vítimas das Guarimbas e do Golpe Continuado apresentavam um relatório de trabalho.
Agressões similares a estas ocorreram nas embaixadas venezuelanas em Cidade do Panamá, em 10 de maio; Roma, Italia,e Bogotá, em 12 de maio, entre outras, que não contaram com as medidas de proteção estabelecidas na Convenção de Viena, documento assinado em 1961 para a regulamentar as relações diplomáticas.
Diante dos ataques às sedes diplomáticas, figuras identificadas com a oposição reagiram com mais virulência. O locutor e imagem de marcas comerciais, César Miguel Rondón, se uniu à promoção do ódio pelas redes sociais. "Como se sente ser cuspido em todo o planeta? Que não exista lugar para se esconder, avião onde voar? Que já não tenha paz jamais?", disse sobre este assédio.
Estas palavras se somam às expressões de ódio de outros indivíduos como o sociólogo e colunista do jornal El Nacional Tulio Hernández, que no dia 18 de abril, às vésperas de mobilizações convocadas pelo chavismo e oposição, convidou a sociedade a neutralizar os revolucionários de qualquer forma. "Vale até vasos de plantas", publicou no Twitter.
Estes chamados passaram do verbo à ação com o o assassinato de Almelina Carrillo, trabalhadora de uma clínica, que recebeu o impacto de uma garrafa de água congelada na cabeça no último 19 de abril em La Candelaria, Caracas, quando caminhava perto de um grupo de simpatizantes do chavismo. Ela faleceu quatro dias depois.
A promoção do ódio também motivou ações como a surra contra dois homens no Centro Ciudad Comercial Tamanaco (CCCT), no leste de Caracas, na última quinta, porque supostamente se pareciam com dirigentes chavistas ou o caso do jovem Orlando José Figuera, que foi incendiado no município de Chacao, estado de Miranda, no último sábado.
Estes delitos formam parte dos casos investigados pela Comissão da Verdade, instância criada em 2016 para investigar os crimes estimulados pelo ódio ao povo venezuelano ao longo de 18 anos da Revolução Bolivariana.