A participação eleitoral foi de 61,14 % do eleitorado —pelo menos 10 milhões de pessoas, uma das mais altas nos últimos 18 anos—, informou a presidenta do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena.
Segundo estes dados, a abstenção foi de 38,86%, o que indica que cerca de oito milhões de pessoas aptas para votar não exerceram seu direito ao sufrágio.
Em coletiva de imprensa na sede do CNE, Lucena celebrou a alta participação dos venezuelanos, e os qualificou de "dignos representantes deste país que está exercendo nossa soberania como deve ser: em paz, em tranquilidade e democracia através do voto. A todos os eleitores, parabéns. Tivemos uma grande participação".
Após conhecer os resultados, o presidente da República, Nicolás Maduro, falou no Palacio de Miraflores sobre a vitória contundente da Revolução Bolivariana: 17 governos estaduais contra 5; e reiterou que o caminho que a República espera não é outro que o da estabilidade e da recuperação econômica.
Maduro afirmou que hoje "triunfou a paz, a pátria grande, a Venezuela bolivariana e chavista", e que "o chavismo arrasou".
O presidente venezuelano pediu a realização de 100% da auditoria dos comprovantes da votação, para que não exista nenhuma dúvida do processo, diante da intenção da oposição de alegar fraude.
Ao conquistar a vitória em 17 dos 22 governos estaduais, as forças revolucionárias conseguiram um triunfo de 75% dos estados do país, enquanto na apuração nacional, o chavismo obteve 54% dos votos, nove pontos de diferença em relação à direita.
"O chavismo está vivo, está nas ruas e está triunfando. Essa é a verdade e aqui estamos de pé", disse o mandatário nacional. "O que esta pátria quer é, com todo seu amor, construir-se em paz, com toda sua independência".
Nicolás Maduro ratificou ainda sua disposição de trabalhar com os governadores da oposição que foram eleitos neste domingo.
"Estendo a minha mão aos cinco governadores da oposição para trabalhar por suas regiões", disse, e fez um chamado à paz porque este "é o único caminho para recuperar a prosperidade econômica e a estabilidade social".
Oposição se nega a aceitar derrota e convoca violência
A MUD se negou a reconhecer os resultados das eleições e convocou seus dirigentes nacionais e regionais a retomar as "atividades de rua" para apoiar esta decisão.
Em coletiva de imprensa no comando eleitoral em Caracas, o chefe de campanha da MUD, Gerardo Blyde, disse que a coligação instruiu todos seus comandos regionais —incluindo Zulia, Táchira, Mérida, Anzoátegui e Nueva Esparta, onde foram vencedores— a agilizar a auditoria absoluta do processo, já que "só assim poderemos reconhecer os resultados".
No entanto, a iniciativa da auditoria de 100% dos comprovantes de votação já havia sido solicitada minutos antes, pelo presidente da República, Nicolás Maduro.
Após mais de 120 dias de grande violência política marcada nas chamadas "ações de rua", apoiadas pelos partidos da coligação, que deixaram um saldo de 172 mortes e mais de mil feridos em todo o país, a MUD chamou a retomar esta via inconstitucional ante sua insatisfação com os resultados da votação.
Apesar de chamar de "irregular" o processo eleitoral, Blyde confirmou o efeito determinante das divisões internas na coligação opositora, quando chamou a "unidade e política comum em uma mesma estratégia", como um elemento de grande importância.
Observadores reconhecem sucesso das eleições regionais
O Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela) afirmou em seu relatório sobre as eleições regionais que o resultado da jornada reflete a vontade dos cidadãos.
"O processo se realizou com êxito e a vontade dos cidadãos livremente expressada nas urnas foi respeitada", disse nesta segunda-feira o presidente do Ceela, Nicanor Moscoso.
"A jornada eleitoral transcorreu pacificamente, sem contratempo, com uma particpação muito importante dentro da média de votação de uma eleição regional", afirmou, referindo-se aos mais de 10 milhões de venezuelanos que exerceram seu direito ao voto em paz nos 13.559 centros eleitorais do país, para escolher os governadores dos 23 estados.
"Registrou-se um recorde com 61% de participação, sobretudo por tratar-se de um país onde o voto não é obrigatório", disse em coletiva de imprensa transmitida por Venezolana de Televisión.
Moscoso informou que durante as visitas dos acompanhantes do Ceela foi possível comprovar que às seis da manhã, a instalação das mesas eleitorais era de 60%, enquanto que antes das sete da manhã, quase 100% já estavam formadas.
"A segurança do voto esteve sempre garantida, porque constatamos que o biombo que permitia o segredo do voto, não tinha elementos que permitisse ver desde outro ângulo, como estava exercendo o voto cada um dos votantes, quer dizer, a segurança e liberdade do voto estão complementamente garantidas", destacou Moscoso.
O Ceela também felicitou o comportamento dos partidos políticos que participaram deste processo democrático, em que se pôde constatar "que não existiu proselitismo, ingerência destes com respeito à vontade dos votantes. Foi exemplar a participação destas organizações no processo".
O organismo parabenizou ainda o trabalho realizado pelo Conselho Nacional Elictoral (CNE) para organizar as eleições "tão extremadamente bem".
Mídia internacional silencia alta participação do povo venezuelano
As empresas de comunicação internacionais silenciaram em suas primeiras páginas desta segunda-feira, 16, que as eleições para governadores na Venezuela tiveram uma das mais altas participações neste tipo de votação regional –61,14% do eleitorado.
Em sua versão regional, El País, na matéria "Chavismo obtém uma polêmica vitória nas eleições de governadores na Venezuela", omite a alta participação e repete a linha discursiva da Mesa da Unidade Democrática de suposta fraude eleitoral, ao colocar em dúvida a imparcialidade e confiabilidade do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Este meio também oculta que o sistema de votação venezuelano passa por 17 auditorias, avalizadas pelos partidos políticos participantes, incluindo os da oposição.
"Controlado por Maduro, o órgão eleitoral venezuelano perdeu a credibilidade que tinha após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte", afirma o jornal.
Já o diário ABC publicou em sua página web a matéria "CNE anuncia que chavismo ganha as eleições regionais na Venezuela", também repetindo a campanha da direita que visa gerar descrédito com o árbitro eleitoral.
O texto diz: "Diante da suspeita de fraude que adiantou Gerardo Blyde, chefe do comando da MUD, o mandatário (Nicolás Maduro) disse que a auditoria dos votos poderia ser feita se assim solicitassem", quando foi o chefe de Estado que anunciou que solicitará a Assembleia Nacional Constituinte (ANC) a auditoria de 100% das atas.
A agência EFE, na matéria "O chavismo diz ter arrasado com resultados que a oposição não reconhece", repete as denúncias da MUD de supostas travas impostas pelo Poder Eleitoral, tais como mudanças de centros de votação, situação que foi notificada dias antes pelo organismo eleitoral e que foi feita para proteger os colégios atacados por grupos estimulados pela direita, horas antes da eleição da ANC, em 30 de julho.
Por sua vez, o diário El Mundo, na matéria publicada em seu portal web, afirma que o Executivo retirou competências e não aprova recursos para os governos estaduais da oposição: Amazonas, Lara e Miranda. Silencia assim que o presidente Maduro aprova constantemente recursos a todos os governos do país. Somente em 20 de setembro, Maduro aprovou 400 bilhões de bolívares para todas as administrações regionais.
Jornais da América Latina, como El Clarín (Argentina) e El Mercurio (Chile) em suas capas deste 16 de octubro seguem a mesma estratégia da campanha opositora de alegar suposta fraude, como o Miami Herald (Estados Unidos), que também silencia a participação em massa da população no processo eleitoral.
Já os meios de comunicação como o jornal Gramma (Cuba), agência Andes (Ecuador), RT, Prensa Latina destacam a alta participação do povo na votação deste domingo.
Com 95,8% dos votos apurados, o chavismo arrasou em 17 governos estaduais e a MUD somente venceu em cinco estados. A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, informou que falta definir o candidato vencedor no estado de Bolívar, já que a tendência ainda não é irreversível.