Contudo, o caso vem sendo manipulado com fins políticos, é utilizado para prejudicar a imagem da Revolução, em nível internacional, e usado como justificativa para medidas unilaterais que afetam diretamente o povo da Ilha maior das Antilhas.
Tanto na mídia internacional que aborda o tema, quanto em alguns comunicados oficiais, continua aparecendo um grupo de imprecisões ou abertas mentiras que acompanham a história desde seus inícios. O Granma Internacional compartilha uma lista das dez mais notáveis:
1. OS DIPLOMATAS NORTE-AMERICANOS FORAM VÍTIMAS DE «ATAQUES» EM CUBA
O próprio uso da palavra «ataque» envolve um posicionamento, a priori, em relação aos acontecimentos. Nem os investigadores estadunidenses nem os cubanos puderam estabelecer hipóteses sobre a origem ou causa dos supostos incidentes que, por sua natureza, são eminentemente sensoriais.
Um relatório do FBI filtrado pela agência AP assegura que não existe evidência alguma de «ataques acústicos» contra o pessoal diplomático estadunidense em Cuba.
Também não foram identificados os possíveis autores, nem pessoas com motivação, intenção ou meios para executar este tipo de ações.
Em se tratando de um julgamento em um tribunal, neste caso falta o perpetrador, o motivo e, inclusive, a vítima. Ainda assim, a imprensa internacional e até a Casa Branca continuam usando a palavra «ataque».
2. CUBA POSSUI UMA «ARMA SÔNICA» DE ÚLTIMA TECNOLOGIA
A hipótese de que a causa dos incidentes seja uma arma acústica de última tecnologia está presente quase desde o momento em que essa a história veio a público. Contudo, a comunidade científica se encarregou de pôr as coisas em seu lugar.
Se bem as armas acústicas existem e estão disponíveis nos arsenais dos países desenvolvidos, para causar danos com som audível, a intensidade deve ser tão alta quanto a turbina de um avião e é impossível que seus efeitos passem despercebidos.
Cuba, igualmente, nega rotundamente estar familiarizada com tecnologias nesta área, acerca da qual não existe nenhum precedente no país.
3. OS ATAQUES ULTRAPASSAM AS PAREDES E TÊM PRECISÃO LASER
É inverossímil o contexto em que supostamente teriam sido produzidos os alegados incidentes, em locais custodiados pelos próprios estadunidenses e sem acesso direto ao exterior.
Os ataques teriam que ter tido uma precisão laser para afetar uma pessoa especificamente e não causar efeito algum nas outras.
4. OS AFETADOS SOFREM TRAUMAS CEREBRAIS
Os sintomas alegados pelos diplomatas norte-americanos incluem mal-estar nos ouvidos, perda de audição, enjoo, dor de cabeça, fadiga, transtornos cognitivos, dificuldade para dormir e, o mais enigmático de todos, traumas cerebrais.
Nem a comoção cerebral ou os problemas cognitivos têm referente clínico em eventos vinculados com sons, segundo os especialistas.
«Dano cerebral e comoções, não é possível», assinalou Joseph Pompei, um ex-pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT por suas siglas em inglês) e especialista em psico-acústica. «Alguém teria tido que é submergir a cabeça em uma piscina lotada de poderosos transdutores ultrassônicos».
5. EXISTE UM LAUDO MÉDICO QUE RESPALDA A HIPÓTESE DE WASHINGTON
Em 14 de fevereiro passado, foi publicado um polêmico artigo na Revista da Associação Americana de Medicina (JAMA, por sua sigla em inglês), sob o título de «Sintomas neurológicos nos diplomatas estadunidenses em Cuba».
Tentou-se utilizar o texto como a confirmação científica da hipótese de Washington. Contudo, os autores Cristopher C. Muth e Steven L. Lewis afirmam que «uma explicação unificadora dos sintomas experimentados pelos funcionários (…) continua sendo vaga e o efeito de uma possível exposição a fenômenos auditivos não está claro».
Em bases pouco claras, o estudo conclui que os diplomatas parecem ter «le-sões prolongadas em redes cerebrais generalizadas».
Robert Bartholomew, especialista na doença psicogênica em massa (MPI, por sua sigla em inglês) e professor no instituto de Botany Downs em Auckland, Nova Zelândia, disse à imprensa que o estudo o deixou «surpreso» e sustenta que tem o aspecto de ser «propaganda» do governo dos EUA.
«É como se os autores tentassem fazem com que acreditemos que ocorreu um ataque», declarou ao The Guardian.
«A informação oferecida é principalmente subjetiva, baseada nas experiências contadas pelos “afetados” e no critério dos investigadores; enquanto os dados objetivos (testes feitos aos supostamente “prejudicados”) são insuficientes e incompletos», referiu por seu lado o Comitê de Especialistas Cubanos que acompanha o tema.
6. NÃO TÊM OUTRA EXPLICAÇÃO OS FATOS QUE NÃO SEJA A DE UM «ATAQUE»
Existem outras causas prováveis, inclusive os fatores psicossociais, que explicariam muito melhor a variada sintomatologia alegada por Washington. As mesmas devem ser estudadas profundamente antes de emitir um critério definitivo, concluíram os especialistas cubanos em um Foro online para analisar os incidentes.
Especialistas internacionais coincidem: «Do ponto de vista objetivo é mais como uma histeria coletiva do que qualquer outra coisa», disse à imprensa Mark Hallett, chefe da seção de Controle Motor Humano, do Instituto Nacional Estadunidense de Transtornos Neurológicos e Derrame Cerebral. «A doença psicossomática é uma doença como qualquer outra. Não deve ser estigmatizada».
7. AS AUTORIDADES CUBANAS NÃO ESTÃO COLABORANDO
As autoridades cubanas, assim que foram notificadas dos supostos incidentes, em fevereiro passado, assumiram o assunto com seriedade, rapidez e profissionalismo.
Cuba permitiu, inclusive, a entrada, várias vezes, dos especialistas do FBI para dirigir os trabalhos no terreno, os que demonstraram a inexistência de provas sobre os supostos ataques.
Pelo contrário, o Comitê de Especialistas cubanos que analisou o caso esteve limitado pela falta de colaboração das autoridades estadunidenses, que não compartilharam toda a informação disponível nem permitiram o acesso aos pacientes ou aos seus laudos médicos.
8. CUBA É UM DESTINO INSEGURO PARA OS DIPLOMATAS
Cuba se destaca por cumprir a Convenção de Viena e jamais prestou seu território para perpetrar ataques de qualquer natureza contra o pessoal diplomático de nenhum país.
Pelo contrario, os diplomatas cubanos foram vítimas de ações violentas em território estadunidense, realizadas por membros de grupos terroristas conhecidos e vinculados com Washington.
Em um dos fatos mais conhecidos, o diplomata cubano Félix García Rodríguez, que cumpria missão nas Nações Unidas em Nova Iorque, foi assassinado em plena rua por membros do grupo terrorista Omega 7, em 11 de setembro de 1980.
Cuba, ameaçada de guerra ou em momentos de grande tensão, jamais optou pelo caminho da agressão. Que sentido teria fazê-lo depois de tomar a decisão soberana de restabelecer os nexos com Washington?
9. OS POLÍTICOS DO SUL DA FLÓRIDA SÓ ESTÃO PREOCUPADOS PELA SEGURANÇA DOS DIPLOMATAS ESTADUNIDENSES
Os setores que são contra as melhoras nas relações entre os dois países estão manipulando o tema dos supostos incidentes acústicos para justificar o retrocesso nos vínculos bilaterais e avançar em sua própria agenda.
A politização deste tema, evidenciada nas recentes decisões unilaterais do governo estadunidense, só beneficia um reduzido grupo da extrema direita anticubana, chefiada pelo senador Marco Rubio, que persiste em manter a política hostil contra a Ilha, em detrimento dos genuínos interesses nacionais dos Estados Unidos e de seu povo.
10. EXISTE PERIGO PARA OS TURISTAS
Como parte da manipulação política nesse caso, a Casa Branca tentou mostrar, em setembro do ano passado, que ao redor de vinte cidadãos estadunidenses que tinham viajado a Cuba mostravam sintomas similares aos de seus diplomatas.
Mas se levarmos em conta que a lista inclui termos tão gerais quanto ‘enjoos’ e ‘dores de cabeça’, há uma ideia da pouca seriedade das acusações.
Mais de quatro milhões de visitantes estrangeiros chegaram ao nosso país no ano passado, entre eles, 620 mil dos Estados Unidos.
Suas experiências na Ilha e a satisfação que mostram em todas as pesquisas especializadas são a principal prova de como os visitantes reconhecem a tranquilidade, segurança e estabilidade de Cuba, amparada por organismos internacionais da ONU e outros especializados no setor do turismo.