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Diário Liberdade
Sexta, 17 Agosto 2018 11:57 Última modificação em Quinta, 23 Agosto 2018 17:58

Venezuela: fundos ilegais, golpe e magnicídio frustrado marcam história do partido opositor Primeiro Justiça

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País: Venezuela / Antifascismo e anti-racismo / Fonte: AVN

[Janet Queffelec] Autodenominado como um "partido da esperança" e "humanista", Primeiro Justiça (PJ) apostou na violência nos últimos anos para acabar com a Revolução Bolivariana e derrubar o presidente da República, Nicolás Maduro.

A atuação de PJ em planos desestabilizadores começa no golpe de Estado de 11 de abril de 2002 contra o presidente constitucional Hugo Chávez e que durou menos de 48 horas.

O último plano conspirativo foi a frustrada tentativa de magnicídio em 4 de agosto contra o presidente Maduro, durante um ato oficial na avenida Bolívar de Caracas. Estão envolvidos no atentado dois reconhecidos dirigentes de PJ e ex-deputados da Assembleia Nacional em desacato judicial: Julio Borges -que entrou na lista de difusão vermelha da Interpol- e Juan Requesens, detido pelas forças de segurança do Estado.



Esta organização pediu abertamente uma intervenção militar e um bloqueio econômico e financeiro contra o povo venezuelano, em um giro internacional que começou em setembro de 2017, liderado por Borges, que recebeu o apoio do ex-presidente Juan Manuel Santos e da oligarquia do país vizinho que apostaram na derrubada do governo bolivariano.

Em abril deste ano, o então vice-presidente executivo, Tareck El Aissami, denunciou que Borges era um dos principais promotores das máfias colombianas dedicadas ao contrabando de extração do bolívar. Também foi acusado pelo Executivo de cooperar em outra tentativa de golpe de Estado conhecido como "Golpe azul", em que conspiravam alguns oficiais e suboficiais da aviação venezuelana.

Aposta pela desestabilização

Em 2017, a organização de direita participou ativamente da agenda violenta de setores da oposição entre os meses de abril e julho, para promover a desestabilização, a guerra psicológica e a execução de crimes de lesa humanidade.

O objetivo era "dar energia às ruas", como disse o próprio Borges, através de uma agenda que se traduziu na destruição da infraestrutura pública e privada, o ataque aos corpos de segurança do Estado, o financiamento de grupos de choque e a geração de uma campanha de opinião negativa que refletisse a suposta "matança" de jovens para justificar uma intervenção estrangeira.

Este cenário de violência respondeu a uma "ordem ditada pelo Departamento de Estado" dos Estados Unidos, como denunciou o presidente Maduro, deixando um saldo de 121 falecidos e milionárias perdas materiais.

Não reconhecimento da institucionalidade

Primeiro Justiça foi o partido que torpedeou o processo de diálogo com o governo na República Dominicana. Depois de cinco meses de discussões, foi redatado o Acordo de Convivência Democrática pela Venezuela, mas em fevereiro de 2018 a oposição se negou assiná-lo, depois que Borges recebeu uma ligação de Bogotá -curiosamente quando estavam reunidos no país vizinho o então secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson e o ex-presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

PJ também promoveu a instauração de um Estado paralelo, com o não reconhecimento do sistema eleitoral venezuelano e dos poderes públicos. Em novembro de 2017, tentou substituir os reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na Assembleia Nacional em desacato judicial, e também promoveu a instalação de um Tribunal Supremo de Justiça ilegítimo no exterior.

Igualmente, se negou a participar das eleições municipais de dezembro de 2017 e das presidenciais em 20 de maio.

O desrespeito à institucionalidade democrática e a vontade do povo se evidenciou mais uma vez com a negativa de Juan Pablo Guanipa, eleito em 15 de outubro de 2017 como governador do Zulia, de tomar posse na Assembleia Nacional Constituinte, e por isso o Poder Eleitoral convocou novas eleições

Financiamentos irregulares

Os escândalos financeiros afetaram o partido desde o começo. Em 1992 foi criada a Associação Civil Primeiro Justiça, organização que em 1998 foi transformada em partido político após receber mais de 60 milhões de bolívares. O cheque foi assinado pela então gerente de Assuntos Públicos da Divisão Serviços de Petróleo e Gás de Petróleos de Venezuela (Pdvsa), Antonieta Mendoza de López, mãe de Leopoldo López, um dos fundadores da organização e que na Pdvsa da IV República trabalhava como analista e assessor econômico no final de 1998.

Em 2012 foi revelado um vídeo onde outro membro de PJ, Juan Carlos Caldera, foi gravado quando recebia propina para financiar a campanha presidencial do companheiro de partido, Henrique Capriles.

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