As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo colombiano anunciaram nesta quarta-feira (22/06) que chegaram a um acordo de “cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo”. Este é o marco mais significativo para o fim do conflito entre a guerrilha e as forças oficiais que já dura seis décadas no país.
Por meio de um comunicado, as duas partes disseram ter chegado “com êxito ao acordo para o cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo; a deposição das armas; as garantias de segurança e a luta contra as organizações criminosas responsáveis por homicídios e massacres ou que atentam contra defensores de direitos humanos, movimentos sociais ou movimentos políticos”.
Os detalhes do acordo serão divulgados nesta quinta-feira (23/06). O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, viajará a Havana, capital cubana, para liderar o anúncio oficial junto a Rodrigo Londoño Echeverri (conhecido como "Timochenko"), um dos líderes das FARC.
A cerimônia contará com a presença de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, Raúl Castro, presidente de Cuba, e outros cinco chefes de Estado da região e de representantes de órgãos internacionais, como a CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que ajudaram a mediar o acordo.
Em janeiro, os dois lados concordaram na participação da ONU como monitora do cessar-fogo e da resolução das eventuais disputas que possam surgir da desmobilização de pelo menos 7 mil guerrilheiros armados.
O conflito entre diversas guerrilhas, entre elas as FARC, e o governo colombiano já deixou mais de 220 mil mortos e pelo menos um milhão de pessoas desalojadas desde 1964. O governo Santos e as FARC estão desde 2012 negociando um acordo de paz que dê fim ao conflito entre as duas partes e trate de justiça e reparação para as vítimas e de reinserir as pessoas envolvidas na guerrilha na sociedade civil.
Um dos pontos que ainda deve ser negociado é a participação das FARC na política formal colombiana. Santos afirmou essa semana que espera assinar o acordo final até o dia 20 de julho, dia em que a Colômbia celebra a declaração de independência da Espanha. Após ser negociado, o acordo final ainda deve ser votado em um referendo, para que a população colombiana exprima sua concordância ou discordância com os termos estabelecidos.