Agora o país vai realizar operações cambiais em euro e yuans, e não mais em dólares norte-americanos. A medida busca aliviar os impactos do bloqueio econômico que os Estados Unidos começaram a aplicar contra Caracas.
Para o economista venezuelano Raúl Peñaloza, "é uma medida que já tardava e que é consequência dos ataques que a economia nacional recebe dos EUA". Ele acredita que a ação do governo foi um acerto e vai aliviar os empresários e pessoas físicas com contas no exterior, cujas operações financeiras foram bloqueadas pelas sanções norte-americanas.
O economista, que também é investigador do Сentro de Estudos da Realidade Econômica da Venezuela defende que um sistema alternativo baseado nas moedas europeia ou asiática fará o comércio fluir com mais facilidade e terá efeitos positivos para a economia venezuelana em “muito curto prazo”.
Segundo Peñaloza, a medida pode também diminuir a dependência tecnológica venezuelana dos EUA. "O mercado venezuelano passará a olhar para mercados como o europeu e o asiático, onde se adquirirão tecnologias, bem como peças de reposição e suprimentos", esclareceu.
Quanto a alguns obstáculos ligados à decisão de abandonar o dólar, o mais evidente é a necessidade de deixar de usar as contas bancárias localizadas nos EUA ou geridas por intermediários norte-americanos.
"A maioria dos importadores e exportadores venezuelanos tem suas contas internacionais localizadas nos EUA ou nos países satélites como, por exemplo, o Panamá. Isso trará pequenos atrasos até que as empresas e todo o sistema público e privado se reorientem para a Europa e a Ásia", explicou o economista.
A decisão de abandonar o dólar foi adotada em meio às medidas de pressão introduzidas por Washington contra Caracas e foi anunciada nesta terça-feira (16) pelo ministro da Indústria, Tareck El Aissami.
De acordo com o ministro, as sanções norte-americanas bloqueiam a possibilidade de continuar negociando com o dólar americano no mercado de câmbio venezuelano".