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Diário Liberdade
Domingo, 28 Julho 2019 22:11 Última modificação em Quarta, 14 Agosto 2019 14:52

Manifestantes celebram renúncia de governador em Porto Rico

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País: Porto Rico / Institucional / Fonte: Pátria Latina

A crise política na ilha caribenha está longe de terminar. Mesmo após renúncia do governador Ricardo Rosselló, indignação com o establishment político continua a levar milhares de pessoas às ruas.

“Cachorro-quente! Cachorros-quentes! Pode pegar, não custa nada”, brada um homem em direção aos manifestantes. Logo ao lado, distribui-se água gratuitamente. Mesmo depois da renúncia do governador Ricardo Rosselló, milhares se reuniram novamente em San Juan. Cantando e dançando, eles atravessam as ruas da capital até o estádio de beisebol Hiram Bithron.

O manifestante Ricardo Perez diz que participa com entusiasmo e convicção desde o primeiro dia dos protestos. “Rosselló é apenas o começo. Continuaremos a lutar contra as estruturas corruptas de poder em Porto Rico. Nós não vamos retroceder.”

O contabilista Perez e seu amigo Jomar Alayon, estudante de informática, trouxeram uma grande bandeira porto-riquenha para o estádio. Eles afirmam estar orgulhosos das pessoas em Porto Rico. Orgulhosos e felizes. “Queremos continuar [com os protestos] até que a ilha tenha um governo melhor – um governo que mereça”, afirma Jomar Alayon.

Nenhuma mudança real à vista?

De acordo com a Constituição, o ministro das Relações Exteriores deveria assumir o governo interinamente. Mas como ele também renunciou há bastante tempo, a ministra da Justiça Wanda Vázquez foi escolhida como sucessora. Não é uma boa escolha, diz Jobar Alayon. Na ilha, a maioria das pessoas pensa assim.

Ela pertence ao mesmo círculo corrupto de poder que Rosselló, explica o estudante. No passado Porto Rico já vivenciou vários escândalos de corrupção, sendo o último apenas alguns dias atrás. No entanto, foram as mensagens de texto de um grupo de bate-papo privado entre o governador e seus confidentes que derrubaram Rosselló.

“O que veio a público foi nojento”, diz Jomar Alayon. “Eu realmente não esperava isso de um governador.” A forma como o grupo de chat insultou mulheres e homossexuais e zombou das vítimas do furacão Maria, em 2017, indignou os porto-riquenhos.

Os protestos que tiveram início há duas semanas não pararam. Também na parte continental dos EUA muitos expressaram sua solidariedade aos porto-riquenhos. O presidente americano, Donald Trump, chamou Rosselló de um governador terrível.

Porto Rico como modelo para Washington?

O que acontece em Porto Rico não é muito diferente da situação em Washington, diz Alayon, explicando que Trump também é conhecido por comentários racistas e homofóbicos. “Eu gostaria que os americanos no continente seguissem nosso exemplo. Juntos, expulsamos o governador do cargo. Isso é algo que se pode conseguir também no caso de Trump.”

Enquanto isso, bandas locais se apresentam no palco construído ao lado da entrada do estádio. Dançando alegremente, as pessoas agitam bandeiras no tempo da música. Entre eles, estão também Gorge Nazario e sua namorada.

A meta é uma nova classe política

“A maioria aqui não vai gosta de ouvir, mas acho Trump bom”, diz o porto-riquenho, que trabalha como barman. “Pelo menos ele está tentando mudar alguma coisa.”

E suas declarações racistas contra Porto Rico? Seus arroubos contra Porto Rico? “Sua boca grande é o seu maior problema, mas pelo menos ele está fazendo alguma coisa”, responde o barman.

Em Porto Rico, a situação não muda já faz tempo, aponta Gorge Nazario. Em 2017, a ilha caribenha teve que declarar insolvência. Foi a terceira maior falência estatal na história do endividamento.

Depois veio o furacão Maria, que devastou Porto Rico e custou 3 mil vidas. Até hoje, a ilha não se recuperou completamente da catástrofe. Dos 42 bilhões de dólares aprovados pelo Congresso dos EUA como ajuda, o governo Trump disponibilizou pouco menos de 13 bilhões a Porto Rico

Silêncio por muito tempo?

“Precisamos de um governador que saiba como e onde o dinheiro é gasto, precisamos mais escolas, um melhor sistema educacional”, diz Gorge Nazario. Nos últimos doze dias, ele foi presença assídua nas ruas. Olhando ao redor, ele acrescenta: “Estou surpreso que não haja mais pessoas aqui hoje, precisamos seguir em frente.”

Também para Gorge Nazario, esse é apenas o começo. Por muito tempo, diz Nazario, ficamos quietos.

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